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Críticas

Slowdive

: "Slowdive"

Ano: 2017

Selo: Dead Oceans

Gênero: Dream Pop, Shoegaze

Para quem gosta de: My Bloody Valentine, Ride

Ouça: Sugar for the Pill, Slomo e Star Roving

9.0
9.0

Resenha: “Slowdive”, Slowdive

Ano: 2017

Selo: Dead Oceans

Gênero: Dream Pop, Shoegaze

Para quem gosta de: My Bloody Valentine, Ride

Ouça: Sugar for the Pill, Slomo e Star Roving

/ Por: Cleber Facchi 10/05/2017

Ruídos, vozes submersas e inúmeras possibilidades dentro de estúdio. Em um intervalo de apenas seis anos, Neil Halstead (voz, guitarra, teclados), Rachel Goswell (voz, guitarra), Nick Chaplin (baixo), Christian Savill (guitarra) e Simon Scott (bateria) fizeram do Slowdive um projeto marcado pelo experimento. Uma criativa colagem de ideias e referências que contribuiu para o nascimento de três grandes trabalhos de estúdio — Just for a Day (1991), Souvlaki (1993) e Pygmalion (1995) —, e que volta a se repetir de forma curiosa dentro do quarto registro de inéditas da banda.

Autointitulado, o registro de oito faixas e pouco menos de 50 minutos de duração rompe com o longo período de hiato que silenciou o coletivo britânico. Pouco mais de duas décadas em que o Slowdive abandonou o ambiente restritivo dos primeiros álbuns de inéditas para se transformar em um dos projetos mais influentes da cena inglesa. Uma relevância que cresce significativamente na psicodelia etérea de Slomo, faixa de abertura do disco e um precioso indicativo do material produzido pela banda ao longo da presente obra.

Desenvolvida em uma estrutura crescente, a composição de quase sete minutos se espalha sem pressa, detalhista, costurando guitarras enevoadas e sintetizadores que servem de base para a voz doce de Goswell. Instantes de profunda leveza que repetem a boa fase em Soulvaki e ainda servem de base para a explosão de ruídos e curvas instrumentais que ocupam a faixa seguinte do álbum, a pulsante Star Roving. Uma avalanche de ruídos e vozes submersas que confirmam a jovialidade do grupo inglês, tão intenso e criativo quanto no começo dos anos 1990.

A mesma força dos arranjos acaba se refletindo em Don’t Know Why, música que transforma a voz ecoada de Goswell em um poderoso instrumento. Bolsões de ruídos que se abrem para a poesia intimista de Halstead — “Não me lembro muito de tudo / Apenas vi você amar alguém / E engolindo essa pílula amarga / Meu coração gasto estava agindo fora / Você sabe que eu não quero mais ninguém“. Uma letra dolorosa e intimista, como uma clara continuação de tudo aquilo que o Slowdive vem desenvolvendo desde a estreia com Just for a Day.

Em Sugar for the Pill, quarta faixa do disco, um verdadeiro labirinto instrumental. Guitarras, sintetizadores e vozes que se movimentam em pequenas ondas, detalhando um mundo de pequenas distorções e sutilezas. Um som deliciosamente sorumbático, leve, como um respiro breve que antecede o imenso paredão de ruídos da dobradinha formada por Everyone Knows e No Longer Making Time. Dois atos extensos, completos pela lenta inserção de Go Get It, música em que as guitarras as guitarras de Halstead e Savill se desmancham em possibilidades.

Para o encerramento do álbum, o grupo mergulha na extensa Falling Ashes. São pouco de oito minutos em que sintetizadores cíclicos e texturas atmosféricas servem de complemento aos versos de Halstead e Goswell. São pinceladas lentas, como uma fuga de todo o primeiro ato do disco. Uma pontuação melancólica, quase cinematográfica, como um diálogo com o encarte e imagem de capa do trabalho, uma cena do filme Heaven and Earth Magic (1962), experimento audiovisual produzido pelo cineasta norte-americano Harry Smith.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.