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Críticas

Barro

: "Somos"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: MPB, Alternativa, Indie Pop

Para quem gosta de: China e Russo Passapusso

Ouça: Não Vim Pra Passar Batido e Fogo Tenaz

7.5
7.5

Resenha: “Somos”, Barro

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: MPB, Alternativa, Indie Pop

Para quem gosta de: China e Russo Passapusso

Ouça: Não Vim Pra Passar Batido e Fogo Tenaz

/ Por: Cleber Facchi 17/10/2018

A mistura de ritmos que embala o primeiro álbum de estúdio do cantor e compositor pernambucano Barro ganha um novo capítulo em Somos (2018, Independente). Sequência ao colorido Miocárdio (2016), o trabalho inaugurado pela plural Seja Você joga com a experiência do ouvinte durante toda sua execução. Uma criativa colagem de ideias, referências e gêneros musicais que mudam de direção a todo instante, indicando a completa versatilidade do artista dentro de estúdio.

Entre versos políticos, poemas contemplativos e histórias que se convertem em música, Barro faz do presente álbum uma obra guiada pela força do coletivo. Da produção do disco, dividida com Guilherme Assis e Ricardo Fraga, passando pela presença de artistas como Dengue (Nação Zumbi), Chiquinho (Mombojó), Sofia Freire, DJ Negralha e a franco-senegalesa Anaïs Sylla, cada fragmento do trabalho se abre para a breve interferência de diferentes vozes, compositores e instrumentistas.

Não por acaso, das dez músicas que recheiam o disco, pelo menos quatro delas contam com a interferência de um time seleto de colaboradores. São nomes como Mariana Aydar, dona da voz na dolorosa Eu Só Queria Que Você, Hugo Lins na regional Cavalo Marinho e Amaro Freitas na delicada Caju Clareou. Nada que se compare à explosão de versos lançados por Jéssica Caitano em Não Vim Pra Passar Batido, uma síntese clara da identidade nordestina que serve de sustento ao disco.

De fato, tão logo tem início, Somos parece estreitar a relação de Barro com a própria herança pernambucana. São variações eletrônicas que adaptam de forma transformada uma série de ritmos genuinamente brasileiros, como o baião, o maracatu e o xote. Um misto de passado e presente, conceito que vem sendo explorado desde o lançamento de Miocárdio, porém, reforçado em músicas como Pela Liberdade, Cavalo Marinho e, principalmente, na faixa-título do álbum.

Nos momentos em que desfila sozinho pelo disco, Barro se entrega à música pop, porém, em uma estrutura particular. Exemplo disso ecoa com naturalidade em Fogo Tenaz. Concebida a partir de pequenas camadas instrumentais, a canção se espalha em meio a sintetizadores, guitarras pontuais e vozes em coro, lembrando uma versão abrasileirada de estrangeiros como Passion Pit. A mesma leveza ecoa com naturalidade em E Quem Vai Saber?, uma fuga breve da aceleração que embala a experiência do ouvinte até o último instante da obra.

Dosando entre versos marcados pelo pessimismo (“Somos sementes / Do agronegócio / Do lixo tóxico / Da célula / Da transgênese / Somos futuro / Do imperfeito“) e instantes de evidente força (“E caminhamos juntos pela liberdade / E caminhamos juntos por toda cidade“), Barro entrega ao público uma obra de essência diversa. Pouco mais de 30 minutos em que o músico pernambucano não apenas preserva, como amplia parte do universo conceitual que vem sendo explorado desde a bem-sucedida estreia com Miocárdio.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.