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Críticas

Vários Artistas

: "S&S Presents: Dreams"

Ano: 2018

Selo: Cascine

Gênero: Experimental, Dream Pop, Ambient

Para quem gosta de: Grouper e Julianna Barwick

Ouça: France (Grands Boulevards) e Quebec

8.2
8.2

Resenha: “S&S Presents: Dreams”, Vários Artistas

Ano: 2018

Selo: Cascine

Gênero: Experimental, Dream Pop, Ambient

Para quem gosta de: Grouper e Julianna Barwick

Ouça: France (Grands Boulevards) e Quebec

/ Por: Cleber Facchi 29/06/2018

Sete anos, esse foi o tempo que Dave Sutton e Matthew Sage, criadores do site Stadiums & Shrines, levaram para finalizar a coletânea S&S Presents: Dreams (2018, Cascine). Concebido de forma colaborativa desde o início, o projeto que conta com 20 composições inéditas utiliza de colagens produzidas pelo artista gráfico Nathaniel Whitcomb como estímulo para a produção de faixas assinadas por diferentes representantes do música ambiente e eletrônica.

Como indicado no próprio título do trabalho, trata-se de uma obra guiada em essência pela temática dos sonhos. São reinterpretações instrumentais e poéticas de cenário reais — como França, Alemanha, Nova Zelândia e Brasil —, porém, dentro de uma estrutura totalmente subjetiva. Um direcionamento sutil que se reflete na produção de verdadeiras paisagens sonoras, proposta que acompanha o ouvinte até o último acorde de Israel (Primitive), junto de Mexico (una pirámide al revés) e Germany (Quinn), produzidas especialmente para a versão digital do disco.

Homogêneo, mesmo na pluralidade de seus realizadores, S&S Presents: Dreams sustenta na inaugural Portugal (A Lift), de Sea Oleena, parte da estrutura incorporada ao longo da obra. São ambientações atmosféricas, ruídos, sintetizadores brandos e vozes, quando presentes, utilizadas de forma etérea. Uma fuga declarada de possíveis excessos, como se o ouvinte fosse convidado a flutuar em uma nuvem de melodias deliciosamente contidas.

Exemplo disso está em Spain, colaboração entre Julie Byrne e Eric Littmann. Camadas instrumentais que se revelam aos poucos, servindo de passagem para a poesia enevoada da cantora, como uma tentativa de dialogar com a obra de Julianna Barwick e Grouper. O mesmo som minucioso ecoa com naturalidade em Bali, de Mutual Benefit. Pouco mais de quatro minutos em que o cantor e compositor norte-americano revela ao público uma canção guiada pela mesma atmosfera acolhedora Skip A Sinking Stone (2016).

Claro que nem todos os artistas da coletânea parecem seguir a mesma estrutura. É o caso da dupla Cuddle Formation e Emily Reo, em Bermuda (Yoshi’s Story). Embora serena, a faixa chama a atenção pelo uso espontâneo das batidas e samples, rompendo com a propositada morosidade do álbum. Mesmo Alaska, de Teen Daze, se projeta de forma distinta, colidindo batidas e vozes abafadas. Um indicativo do som quente que cresce em Brazil, de Headaches, e India (Scorpio), de Megafortress e Noah Wall.

Repleto de preciosidades, como Quebec (Climber), do pianista Bing & Ruth, Yugoslavia, de Kaitlyn Aurelia Smith e France (Grands Boulevards), música que transporta o som colorido da banda Yumi Zouma para um novo território criativo, S&S Presents: Dreams é um trabalho que exige tempo até ser totalmente absorvido. Trata-se de uma obra guiada pelos detalhes, cuidado que ultrapassa o limite das canções e chega até o projeto gráfico de Whitcomb, trabalho montado a partir de imagens recortadas de um livro de turismo dos anos 1950.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.