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Críticas

Gorillaz

: "The Now Now"

Ano: 2018

Selo: Parlophone

Gênero: Hip-Hop, Funk, Soul

Para quem gosta de: Damon Albarn e De La Soul

Ouça: Hollywood, Tranz e Idaho

7.0
7.0

Resenha: “The Now Now”, Gorillaz

Ano: 2018

Selo: Parlophone

Gênero: Hip-Hop, Funk, Soul

Para quem gosta de: Damon Albarn e De La Soul

Ouça: Hollywood, Tranz e Idaho

/ Por: Cleber Facchi 04/07/2018

Difícil ouvir as canções de The Now Now (2018, Parlophone) e não interpretar o sexto álbum de inéditas do Gorillaz como uma resposta ao material apresentado no antecessor, Humanz (2017). Longe dos excessos, número exagerado de parceiros e completa instabilidade da obra, Damon Albarn e um seleto time de colaboradores se concentram na produção de um trabalho econômico, mas não menos interessante e repleto de boas composições.

Claramente ancorado no pop dos anos 1970 e 1980, o trabalho de 11 faixas vai do soul-funk-futurístico de Lake Zurich ao fino toque tropical de faixas como Humility, delicioso encontro musical com o veterano George Benson. São canções montadas a partir de pequenas camadas instrumentais, sempre livres do ritmo frenético, temas eletrônicos e direcionamento intenso incorporado pela banda virtual durante o lançamento do último registro de inéditas.

Exemplo disso está na completa leveza de Idaho, sexta faixa do disco. De essência psicodélica, a composição ganha forma aos poucos, sem pressa, costurando arranjos acústicos e versos doces de Albarn. São pouco menos de quatro minutos em que o músico britânico convida o ouvinte a se perder pelo mesmo universo criativo detalhado nas canções de Plastic Beach (2010), efeito do explícito refinamento das melodias e versos.

Claro que a busca por um som menos acelerado não interfere na produção de faixas essencialmente dançantes, íntimas do mesmo pop eletrônico que vem sendo produzido pela banda desde o início dos anos 2000. Basta voltar os ouvidos para Tranz, segunda música do álbum. Trata-se de um synth-rock trabalhado em uma estrutura crescente, efeito da colorida sobreposição de vozes, batidas e sintetizadores que acompanham o ouvinte até o último segundo.

A mesma quentura na formação dos arranjos e vozes ecoa com naturalidade em Kansas, um funk psicodélico que ainda serve de passagem para a lisérgica Sorcererz, verdadeira viagem instrumental transformada em música. Nada que se compare à divertida Hollywood, parceria entre o grupo britânico, o rapper Snoop Dogg e o veterano Jamie Principle, um dos pioneiros da house music que aqui parece replicar a atmosfera do álbum The Midnite Hour (1992).

Pop e experimental na mesma proporção, The Now Now encanta justamente pelo forte aspecto despretensioso que embala as canções. Trata-se de uma obra produzida entre os intervalos da última turnê do Gorillaz, como um respiro em meio ao caos inevitável e euforia de cada apresentação. Um esforço coletivo entre Albarn e a dupla de produtores formada James Ford e Remi Kabaka em fazer do álbum uma espécie de refúgio criativo.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.