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Ano: 2018

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Girlpool e Soccer Mommy

Ouça: Being Alive, Jesse e Apathy

8.0
8.0

Resenha: “Vessel”, Frankie Cosmos

Ano: 2018

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock, Indie Pop

Para quem gosta de: Girlpool e Soccer Mommy

Ouça: Being Alive, Jesse e Apathy

/ Por: Cleber Facchi 10/04/2018

A voz doce de Frankie Cosmos é apenas um disfarce para o canto melancólico, angústia e explícito romantismo que invade os versos da cantora e compositora norte-americana. “Estar viva / Importa um pouco / Mesmo quando você se sente na merda … Eu estou colapsando por dentro“, canta em Being Alive, um indicativo da força sentimental que rege cada fragmento poético do terceiro e mais recente álbum de estúdio da musicista, Vessel (2018, Sub Pop).

Com produção dividida com Hunter Davidsohn, produtor que já trabalhou com nomes como Porches e vem colaborando com Cosmos desde o álbum Zentropy, de 2014, o registro de 18 faixas segue exatamente de onde a artista nova-iorquina parou durante o lançamento do elogiado Next Thing, de 2016. Uma seleção de faixas curtas, enérgicas e guiadas em essência pela inserção de arranjos melódicos, base para a poesia confessional que cresce a cada nova composição.

Você tem olhos bonitos / Eles são muito azuis / É por isso que / Eu olho para você … Faço uma lista / De pessoas para beijar / Uma lista com milhões de você“, confessa em Duet, música que sintetiza parte do romantismo adolescente do trabalho. Um contraponto direto ao canto triste que chega logo na faixa seguinte, Acommodate: “Ninguém vai ouvir, ninguém vai falar / Eu tive que sair apenas para ouvir meus pensamentos / Meu corpo é um fardo / Estou sempre ansiosa“.

São esses pequenos contrastes que garantem movimento e grandeza ao trabalho de Cosmos em Vessel. Instantes de breve respiro e romantismo sutil que logo tropeçam em temas sensíveis, amargos e centrados em conflitos pessoais da artista. “Estou tão cansada de mim perto de você / Talvez eu não me encaixe mais em seus ideais“, reflete em Apathy, música que antecede a curtinha (e apaixonada) As Often as I Can: “Eu te amo tanto / Eu permito você saiba o quanto eu posso“.

Interessante perceber que mesmo coeso na composição dos versos, Vessel nasce como uma colagem de ideias e músicas produzidas em diferentes fases da carreira de Cosmos. São faixas gravadas nos primeiros registros caseiros da cantora, como Duet, porém, agora reformuladas e tratadas como parte de um mesmo agrupamento poético/instrumental. Fragmentos que conduzem o ouvinte desde a inaugural, Caramelize, até a derradeira faixa-título.

Pontuado pela inserção de ruídos, erros, pausas e vozes externas, como em My Phone e Ur Up, Vessel mantém firme o processo de amadurecimento criativo da cantora, porém, sempre preservando a atmosfera “caseira” que tanto caracteriza o trabalho da artista nova-iorquina. Um (novo) convite a desvendar as mesmas emoções e experiências detalhadas pela cantora, como uma extensão natural de tudo aquilo que Cosmos vem produzindo desde que disponibilizou as primeiras canções no Bandcamp.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.