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Críticas

Tierra Whack

: "Whack World"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Jean Grae e CupcakKe

Ouça: Bugs Life, Fuck Of e Pet Cemetery

8.1
8.1

Resenha: “Whack World”, Tierra Whack

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Jean Grae e CupcakKe

Ouça: Bugs Life, Fuck Of e Pet Cemetery

/ Por: Cleber Facchi 03/07/2018

Exatos 15 minutos. Esse é o tempo necessário para que a cantora/rapper norte-americana Tierra Whack se revele por completo nas canções do colorido Whack World (2018, Independente). Primeiro álbum de estúdio da artista original da Filadélfia, o registro de essência conceitual faz de cada uma de suas 15 faixas a passagem para um mundo particular, sempre mutável, indicativo da completa versatilidade e estética cuidadosamente planejada para o trabalho.

Concebido em paralelo ao curta-metragem produzido pelos diretores Thibaut Duverneix e Mathieu Léger – dupla que já trabalhou em parceria com nomes como Elton John e Broken Social Scene –, cada fragmento do projeto (visual e sonoro) parece detalhado de forma minuciosa. Da composição dos versos e batidas sempre minimalistas à seleta paleta de cores dos vídeos, Whack e o time de colaboradores que a cercam em nenhum momento rompem com a delicada narrativa explícita logo na inaugural Black Nails.

Intimista, cada composição do álbum reflete um aspecto específico do cotidiano e alma de Whack. São canções guiadas por relacionamentos instáveis, como na agridoce Fuck Off (“Espero que sua bunda exploda em uma erupção / Você lembra meu pai caloteiro“) e Silly Sam (“Se você jogar suas cartas certas / Tudo ficará bem e se você não estiver em apuros pela vida“), ou mesmo faixas que indicam a completa vulnerabilidade da artista, conceito detalhado na poesia e, principalmente, nas imagens de Bugs Life.

Estou cansada de secar o amor / Não tente comprar o meu amor / Estou cansado de chorar / Você tentou comprar o meu amor“, canta em Hookers, uma perfeita síntese da poesia intimista que acompanha o ouvinte durante toda a execução do trabalho. Canções marcadas pela profunda honestidade dos versos, postura reforçada mesmo nos instantes em que Whack se entrega ao uso de pequenas metáforas, como em Pet Cemetery, faixa em que rima sobre o desaparecimento de um cachorro para falar sobre o distanciamento de um amigo.

Mesmo a base instrumental do disco se projeta de forma deliciosamente sensível, dialogando com a formação dos versos lançado pela rapper. São melodias e batidas econômicas, como em Flea Market, ou mesmo inserções pueris, como nos sintetizadores de Hungry Hippo e Fuck Off, dialogando com o cloud rap de nomes como Ryan Hemsworth. Uma criativa colagem de referências que distancia Whack do mesmo trap/hop-hop frenético explorado por diferentes nomes do rap estadunidense, cuidado que se reflete até o último instante do curto registro.

Naturalmente maduro quando próximo dos primeiros registros autorais da rapper, Whack World se projeta como uma evolução do material apresentado pela artista durante o lançamento do single Mumbo Jumbo. Da construção das rimas e batidas assinadas pelo produtor RicandThadeus, um dos parceiros no presente álbum, cada elemento do trabalho, assim como o já citado single, parece pensado para atrair a atenção do público de forma sutil, como um convite a se perder no estranho universo de Whack.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.