Melodias atmosféricas, vozes alienígenas e captações ruidosas que se espalham em meio a batidas tortas e instantes de propositada corrupção estética. É dentro desse cenário marcado pela incerteza das formas instrumentais e líricas que a cantora, compositora e produtora Yeule vem revelando ao público cada novo registro autoral. São faixas concebidas em pequenas doses, mágicas, estrutura que naturalmente parece dialogar com o pop inexato de nomes como Grimes, Yaeji, Kedr Livanskiy e outros personagens de destaque da cena alternativa.

Perfeita representação desse direcionamento estético adotado pela artista de Singapura, mas que hoje reside em Londres, está na recém-lançada Pretty Bones. São pouco mais de quatro minutos em que Yeule parece brincar com os instantes, colidindo desde ruídos eletrônicos ao uso de fórmulas enevoadas, quase oníricas. Trata-se de uma interpretação menos frenética do material entregue há poucos meses em Pocky Boy, uma das melhores composições da artista. Quem assina o delicado (e perturbador) clipe da canção é o diretora Joy Song.

Yeule – Pretty Bones