Ano: 2024
Selo: Sujoground
Gênero: Hip-Hop, Rap
Para quem gosta de: Dupla 02 e Dadá Joãozinho
Ouça: Judas Beijoqueiro e Todo Tempo do Mundo
Ano: 2024
Selo: Sujoground
Gênero: Hip-Hop, Rap
Para quem gosta de: Dupla 02 e Dadá Joãozinho
Ouça: Judas Beijoqueiro e Todo Tempo do Mundo
Resultado da parceria entre os produtores/rappers Thalin, Cravinhos, iloveyoulangelo, Pirlo e VCR Slim, Maria Esmeralda (2024, Sujoground) é tanto uma obra coletiva, como uma criação que caminha com suas próprias pernas. Tendo na personagem que concede título ao material um precioso elemento guia, o grupo que transita por diferentes projetos, como Dupla 02, Os Fonsecas e Base Company, utiliza do trabalho como um objeto de reflexão sobre temas como amor, família, vingança, medo e outros conflitos bastante pessoais.
Sem necessariamente se apegar a um gênero específico, o trabalho faz de cada canção uma peça isolada, ainda que intimamente conectada ao restante do material. São composições geradas a partir da colorida sobreposição de elementos, trechos de filmes, retalhos de antigos exemplares da MPB e toda uma imensa tapeçaria instrumental/rítmica que encolhe e cresce de forma a potencializar a construção dos versos. É como uma obra viva, inquieta e em constante processo de transformação, ampliando seus próprios limites.
Posicionada logo nos minutos iniciais do trabalho, Lince funciona como uma ótima representação de tudo aquilo que o grupo busca desenvolver ao longo da obra. Enquanto a base cíclica da composição chama a atenção pelos detalhes e uso fragmentado dos samples, como uma música perdida do Madvillain, versos marcados pela evidente dramaticidade revelam parte dos temas explorados pelo quinteto. São estranhos fluxos de pensamento que ficam maiores e mais imprevisíveis a cada nova canção que integra o registro.
Exemplo disso fica bastante evidente em Todo Tempo do Mundo, música que transcende gêneros em uma abordagem que vai do trap à MPB de forma essencialmente catártica. São versos empilhados como blocos de inquietação e ansiedade, reforçando a carga emocional que consome o trabalho. Nada que prepare o ouvinte para o que se apresenta em Judas Beijoqueiro, canção que soa como um acumulo natural de tudo aquilo que embala o registro e ainda se abre para a imponente colaboração dos rappers Servo e Quiriku.
E eles não são os únicos. Embora resolvido de maneira eficiente nas mãos dos cinco principais membros do projeto, Maria Esmeralda é um trabalho que faz de cada participação um verdadeiro acontecimento. Logo de cara, é a voz da cantora Marília Medalha que introduz o ouvinte ao disco em Lúdica. Minutos à frente, na lisérgica Poliesportiva, Doncesão chega para complementar as rimas da composição, proposta que volta a se repetir em Boca de Ouro, música potencializada pelas participações de Rubi e Yung Vegan.
Toda essa convergência de estilos, vozes e propostas criativas fazem de Maria Esmeralda uma criação tão imensa quanto estruturalmente bem resolvida. Mesmo que parte da sensação de surpresa que envolve o trabalho desapareça quando próximo dos minutos finais, quando temas e conceitos começam a se repetir de forma pouco inspirada, prevalece durante toda a execução da obra um capricho incontestável, proposta que faz de cada mínimo fragmento espalhado ao longo do disco um verdadeiro componente de destaque.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.