Ano: 2025
Selo: Deewee
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Ela Minus
Ouça: Sexy Clown, Y.A.A.M. e Contrarian
Ano: 2025
Selo: Deewee
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: Kelly Lee Owens e Ela Minus
Ouça: Sexy Clown, Y.A.A.M. e Contrarian
Fortemente inspirada pelo livro The Age of Surveillance Capitalism (2019), da escritora Shoshana Zuboff, Marie Davidson estabeleceu as bases para o primeiro trabalho de inéditas em cinco anos, City of Clowns (2025, Deewee). Próximo e, ao mesmo tempo, distante de tudo aquilo que a artista canadense havia testado anteriormente, o registro preserva a relação com as pistas enquanto destaca o lirismo político de Davidson.
Com a atmosférica Validations Weight como música de abertura, a produtora canadense apresenta parte dos conceitos que serão explorados no decorrer do trabalho. São inquietações sobre o avanço tecnológico, controle de informação e a perda das liberdades individuais, estrutura que se completa pelo sempre atento encaixe das batidas e sintetizadores que contam com a interferência da dupla Soulwax e Pierre Guerineau.
Uma vez ambientado ao disco, o ouvinte é constantemente bombardeado por canções que alternam entre momentos de calmaria e fúria. É como uma extensão natural de tudo aquilo que Davidson tem explorado desde a estreia com Perte d’identité (2014), porém, partindo de uma abordagem ainda mais equilibrada e musicalmente fascinante, como se a produtora, pela primeira vez, tivesse pleno domínio da própria criação.
Dessa forma, a artista passeia por entre faixas conceitualmente dissonantes, mas que nunca rompem com o que parece ser um limite criativo bastante efetivo. Enquanto os versos declamados reforçam a relação da canadense com o spoken word, batidas secas e sintetizadores marcados conduzem o ouvinte para o final da década de 1980, efeito direto da clara fascinação de Davidson pelo techno produzido durante o período.
Partindo desse direcionamento, Davidson garante ao público uma sequência de faixas que ganham forma em uma medida própria de tempo, como Demolition, porém, estabelece nos momentos de maior urgência a passagem para algumas das melhores composições do disco. Exemplo disso fica mais do que evidente nas batidas e vozes pulsantes que marcam a obra da artista na dobradinha formada por Y.A.A.M. e Contrarian.
A própria escolha da artista em encerrar o trabalho com uma versão do Soulwax para Y.A.A.M. torna essa fluidez e potência do material ainda mais evidente. Com base nessa estrutura, Davidson traz de volta uma série de elementos testados nos antigos trabalhos, como as vozes declamadas e rigidez das batidas, porém, livre de qualquer traço de conforto, como o princípio claro de uma nova fase na carreira da produtora.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.