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Ano: 2024

Selo: Matador

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Angel Olsen e Julia Holter

Ouça: It's a Mirror, No Front Teeth e Left For Tomorrow

8.3
8.3

Perfume Genius: “Glory”

Ano: 2024

Selo: Matador

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Angel Olsen e Julia Holter

Ouça: It's a Mirror, No Front Teeth e Left For Tomorrow

/ Por: Cleber Facchi 02/04/2025

A impecabilidade há muito tem se revelado como um dos principais traços da obra de Mike Hadreas como Perfume Genius. Desde a estreia com Learning (2010), passando por Put Your Back N 2 It (2012), Too Bright (2014), No Shape (2017), Set My Heart on Fire Immediately (2020) e Ugly Season (2022), cada novo álbum evidencia o lirismo confessional e sempre meticuloso processo de composição do músico norte-americano.

Sétimo trabalho de estúdio do artista, Glory (2025, Matador) é mais um bom exemplo disso. Mesmo livre da fluidez que marca o álbum que o antecede, um exercício pensado como parte de um espetáculo teatral, o registro encanta pela minúcia e completo domínio de Hadreas sobre a própria criação. É como se o cantor soubesse exatamente que direção seguir, detalhamento que vai dos versos ao ensaio fotográfico de SSION.

Não por acaso, Hadreas mais uma vez contou com o suporte de dois dos seus principais parceiros criativos ao longo da última década, o namorado e colaborador de longa data Alan Wyffels e o requisitado produtor Blake Mills (Fiona Apple, Japanese Breakfast). O resultado desse processo está na entrega de um trabalho talvez livre de grandes surpresas em uma primeira audição, mas que encanta pelos detalhes. E são muitos.

Em Clean Heart, por exemplo, são entalhes percussivos e a produção cristalina que engrandece os versos que tratam sobre autodescoberta. Já em Left For Tomorrow, com uma letra em que antecipa a dor do luto, é a sutileza do acabamento eletrônico que leva o álbum para outras direções criativas. Mesmo quando tende ao reducionismo dos pianos, como na contida Dion, tudo é tratado com uma precisão e técnica invejáveis.

Claro que isso não limita Hadreas a um repertório essencialmente contemplativo. A própria sequência de abertura, formada por It’s A Mirror e No Front Teeth, hipnótica colaboração com a cantora Aldous Harding, torna isso ainda mais evidente. Mesmo quando o trabalho começa a perder fôlego, o músico saca algumas surpresas, caso de In a Row, faixa que começa pequena, porém, se eleva de maneira totalmente catártica.

Cuidadosamente lapidado, Glory reforça a habilidade de Perfume Genius em equilibrar vulnerabilidade e grandiosidade sem perder a coesão. A própria faixa-título, posicionada no encerramento da obra, funciona como uma boa representação dessa capacidade de Hadreas em jogar com instantes, revelando ou mesmo ocultado elementos no momento exato. Um disco que fascina tanto pelo que entrega como pelo que sugere.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.