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Crítica

Car Seat Headrest

: "The Scholars"

Ano: 2025

Selo: Matador

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Titus Andronicus e Alex G

Ouça: CCF (I'm Gonna Stay With You) e Reality

7.4
7.4

Car Seat Headrest: “The Scholars”

Ano: 2025

Selo: Matador

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Titus Andronicus e Alex G

Ouça: CCF (I'm Gonna Stay With You) e Reality

/ Por: Cleber Facchi 22/05/2025

The Scholars (2025, Matador) contem todos os elementos que você poderia esperar de um típico disco de ópera rock: exageros, dramaticidade e canções épicas. Trabalho mais ambicioso do Car Seat Headrest, o registro parte do ambiente acadêmico da fictícia Universidade Parnassus para mergulhar em inquietações sobre a morte, renascimento, crises religiosas e existenciais em uma abordagem essencialmente grandiosa.

Parte desse resultado vem das experiências de Will Toledo, vocalista e líder da banda, que, debilitado por conta de complicações geradas após um diagnóstico de Covid-19, mergulhou no processo de composição do material a partir de reflexões sobre a própria existência. Nesse sentido, mesmo que alguns personagens sejam apontados ao longo do material, como Rosa, Devereaux e Beolco, tudo acaba voltando para Toledo.

A narrativa, muitas vezes confusa e abarrotada de referências literárias, bíblicas e musicais, acompanha a história de diferentes personagens, seus romances, tormentos e inquietações. Não se trata de uma história linear, mas um estudo existencial acomodado em um mesmo cenário. Uma vez imerso nesse ambiente que combina mistérios sobre um envenenamento e até um crânio desaparecido, Toledo, sempre acompanhado pelos parceiros de banda, os músicos Ethan Ives, Andrew Katz e Seth Dalby, amplia os próprios horizontes.

De fato, esse talvez seja o primeiro trabalho do Car Seat Headrest como banda, e não apenas um exercício quase solitário de Toledo, vide obras como Teens of Denial (2016) e Twin Fantasy (2018). O próprio músico definiu a si mesmo como “um organizador” em entrevistas recentes, destacando a interferência criativa de Ives que assume parte expressiva dos arranjos e vozes, brilhando em canções como a impactante Reality.

Ainda assim, a presença de Toledo é sentida durante toda a execução do trabalho, principalmente quando esbarramos em canções ascendentes, típicas da banda. São músicas como CCF (I’m Gonna Stay With You) e Gethsemane que transcendem a narrativa do disco, resgatando os mesmos ganchos melódicos, guitarras e estruturas que fizeram do grupo estadunidense um dos mais interessantes e queridos da última década.

Partindo dessa perspectiva, a opção de Toledo por uma ópera rock parece muito mais um argumento para testar algo novo e organizar suas ideias do que necessariamente um trabalho concebido dessa maneira. O próprio artista disse preferir o termo “balé rock” para justificar a liberdade como as canções são inseridas. Um disco de excessos, sejam eles conceituais, sonoros e emocionais, que desafiam o ouvinte a aceitar a desordem como parte da experiência. É menos sobre contar uma história e mais sobre sentir o peso dela.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.