Ano: 2025
Selo: Independent Jeep Music
Gênero: R&B, Trip-Hop
Para quem gosta de: Kelela e Jessy Lanza
Ouça: Delusional, Seasons e December
Ano: 2025
Selo: Independent Jeep Music
Gênero: R&B, Trip-Hop
Para quem gosta de: Kelela e Jessy Lanza
Ouça: Delusional, Seasons e December
Lançado de surpresa, sem qualquer aviso prévio, Lifetime (2025, Independent Jeep Music) é uma obra feita para ser ouvida da primeira à última canção, livre de possíveis interrupções. E isso tem um motivo. Quarto trabalho de estúdio de Erika de Casier, o sucessor do ainda recente Still (2024) não é um álbum que trata suas canções de maneira independente, mas como parte de um repertório único e puramente atmosférico.
Produzido e gravado inteiramente pela artista ao longo de um ano, durante o intervalo das sessões de Still e início da turnê de divulgação do trabalho, Lifetime é uma obra de ambientação noturna. A própria cantora cogitou batizar o álbum de Midnight Caller, referenciando tanto a produção notívaga do material, como os tormentos existenciais e reflexões sobre a morte que surgem quando assentamos a cabeça no travesseiro.
Mais do que isso, Lifetime nasce como uma reinterpretação da cantora sobre o pop soturno dos anos 1990. Do momento em que tem início, em Miss, o trabalho estabelece uma série de conexões com a obra de Sade, Janet Jackson, Massive Attack e, principalmente, Madonna em Bedtime Stories (1994), disco que partilha de uma proposta bastante similar. Pequenos acenos, mas que nunca ocultam a identidade criativa da cantora.
Exemplo disso fica mais do que evidente no que talvez seja a principal faixa do disco, Delusional. Enquanto os versos destacam a vulnerabilidade da cantora (“E acho que estou pronta para um novo amor”), batidas sempre calculadas e samples rompem o R&B tradicional para provar de elementos do trip-hop. A própria inserção dos sintetizadores, em composições como Seasons, concede ao álbum um caráter quase abstrato.
É como se, todas as vezes em que a cantora se aproxima de um resultado previsível, houvesse um elemento de ruptura que leva o disco para outras direções, muitas delas totalmente misteriosas. Dessa forma, ainda que seja possível perceber e mapear cada uma das referências ao longo do álbum, de Casier nunca perde sua assinatura, conceito que tem sido explorado desde o amadurecimento criativo em Sensational (2021).
Embora marcado pela ambientação soturna e percurso sinuoso, Lifetime em nenhum momento interfere na entrega de faixas deliciosamente acessíveis. São composições como You Can’t Always Get What You Want e December que preservam o mesmo brilho pop que tem sido aplicado pela cantora desde a montagem do introdutório Essentials (2019). Uma obra que encanta justamente pela complexidade disfarçada de leveza.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.