Image
Crítica

Kali Uchis

: "Sincerely"

Ano: 2025

Selo: Capitol

Gênero: Pop, R&B, Soul

Para quem gosta de: Ravyn Lenae e Lana del Rey

Ouça: All Can I Say, Lose My Cool e ILYSMIH

8.0
8.0

Kali Uchis: “Sincerely”

Ano: 2025

Selo: Capitol

Gênero: Pop, R&B, Soul

Para quem gosta de: Ravyn Lenae e Lana del Rey

Ouça: All Can I Say, Lose My Cool e ILYSMIH

/ Por: Cleber Facchi 29/05/2025

Terceiro álbum consecutivo de Kali Uchis, Sincerely (2025, Capitol) é mais uma prova do completo domínio criativo e capacidade da artista norte-americana em se reinventar mesmo em um curto intervalo de tempo. Sequência ao material entregue em Red Moon In Venus (2023) e Orquídeas (2024), o registro segue a trilha dos projetos que o antecedem, porém, deixa o R&B psicodélico em segundo plano para mergulhar no soul.

Menos voltado aos temas românticos que têm sido incorporados pela cantora desde a estreia com Isolation (2018), Sincerely chama a atenção pela forma como Uchis se aprofunda em diferentes aspectos do amor. A própria música de encerramento do trabalho, ILYSMIH, uma abreviação para a frase “I Love You So Much It Hurts”, funciona como um delicado exemplo disso, com a cantora expressando todo seu carinho pelo filho.

É como se, para além dos dramas quase novelescos de obras como Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) (2020), Uchis desfilasse com segurança e maior controle emocional durante toda a execução do trabalho. “Estou em casa, onde quer que eu esteja com você”, canta logo nos primeiros minutos do disco, em Heaven Is a Home, canção que destaca a sensação de acolhimento e equilíbrio presente no decorrer do repertório.

Essa mesma consistência explícita na elaboração dos versos acaba se refletindo no tratamento homogêneo aplicado aos arranjos. Com um pé no pop dos anos 1960, Uchis garante ao público um registro que avança em uma medida particular de tempo, por vezes arrastado, como na sequência formada por Silk Lingerie, Fall Apart e Territorial, porém repleta de pequenos acertos, como o flerte com o doo wop em All I Can Say.

Embora utilize de uma abordagem liricamente equilibrada, indicando a passagem para uma nova fase na carreira, Uchis em nenhum momento exclui a entrega de canções românticas e tormentos sentimentais que a fizeram conhecida. São composições como Lose My Cool, Daggers! e For: You que, mesmo ambientadas no universo temático de Sincerely, trazem de volta a mesma vulnerabilidade poética que revelou a cantora.

Pensado com o capítulo final da trilogia iniciada pela cantora em Red Moon In Venus, Sincerely é tanto uma extensão dos registros que o antecedem, como o princípio de uma nova fase na carreira de Uchis. Um fino exercício de consolidação da própria identidade estética, sonora e poética, mas que em nenhum momento oculta o forte aspecto emocional que vem sendo trabalhado desde as primeiras empreitadas em estúdio.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.