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Crítica

Pulp

: "More"

Ano: 2025

Selo: Rough Trade

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Blur e Suede

Ouça: Got To Have Love e Grown Ups

7.3
7.3

Pulp: “More”

Ano: 2025

Selo: Rough Trade

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Blur e Suede

Ouça: Got To Have Love e Grown Ups

/ Por: Cleber Facchi 17/07/2025

Ainda que o Pulp tenha voltado para algumas apresentações ao vivo esporádicas, é sempre satisfatório ter acesso às dinâmicas do grupo em estúdio. E isso fica bem evidente em More (2025, Rough Trade), trabalho que não apenas marca o retorno da banda com o primeiro disco de inéditas em 24 anos, como sintetiza de maneira muito eficiente tudo aquilo que o grupo britânico tem explorado desde o final da década de 1970.

Livre das experimentações testadas no antecessor We Love Life (2001), álbum que contou com a produção do brilhante Scott Walker (1943 – 2019), More vai direto ao ponto, destacando o lado radiofônico que marca a trinca formada por His ‘n’ Hers (1994), Different Class (1995) e This Is Hardcore (1998). São composições que equilibram a poesia de Jarvis Cocker com os arranjos de Candida Doyle, Nick Banks e Mark Webber.

A própria Spike Island, posicionada logo na abertura do trabalho, funciona como uma boa representação disso. Enquanto a letra da canção trata de um momento de transformação pessoal à beira de um colapso iminente, destacando os temas existenciais que habitam a mente de Cocker, camadas de sintetizadores e guitarras se espalham em meio a batidas deliciosamente dançantes, pensadas para hipnotizar o ouvinte.

E isso é só o começo. Em Grown Ups, são memórias íntimas, inseguranças pessoais e pressões sociais que se completam pelo misto de reggae e rock à la The Clash. Já em The Hymn of the North, com participação de Chilly Gonzales, o grupo desacelera para investir em uma balada emocional com um protagonista que encoraja a pessoa amada a seguir em frente na vida, sem perder as raízes ou o vínculo afetivo conquistado.

Nesse ponto, fica bastante evidente o aspecto contemplativo da obra, com Cocker fazendo as pazes com si. Exemplo disso pode ser percebido em Got To Have Love, faixa que não apenas destaca o brilho pop e uso de temas dançantes que parecem resgatados de Different Class, como incorpora o amor de um jeito nunca explorado na discografia da banda, livre da habitual ironia e fino sarcasmo que sempre orientou o grupo.

Partindo dessa abordagem, Cocker e seus companheiros de banda garantem ao público uma obra talvez livre de grandes transformações instrumentais e repleta de acenos para os antigos trabalhos do Pulp, mas que convence pela força dos versos e amadurecimento das temáticas. É justamente nesse equilíbrio entre a repetição e o reinvento, reforçado pela produção coesa de James Ford, que o álbum encontra seu valor, revelando uma banda ainda tem muito a dizer — mesmo que agora em um tom mais sereno e confessional.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.