Ano: 2025
Selo: Drink Sum Wtr
Gênero: R&B, Neo-Soul
Para quem gosta de: Liv.e, KeyiaA e L'Rain
Ouça: End of The World, Spin Cycle e Dream Girl
Ano: 2025
Selo: Drink Sum Wtr
Gênero: R&B, Neo-Soul
Para quem gosta de: Liv.e, KeyiaA e L'Rain
Ouça: End of The World, Spin Cycle e Dream Girl
“Se você quer ser corajoso / Primeiro você precisa ter medo”, dispara Yaya Bey logo nos minutos iniciais de Do It Afraid (2025, Drink Sum Wtr). Mais recente trabalho de estúdio da cantora, compositora e produtora norte-americana, o sucessor de Ten Fold (2024) destaca o tom sóbrio da artista na elaboração dos versos, porém estabelece na inebriante delicadeza dos arranjos, melodias e vozes um precioso ponto de equilíbrio.
Próximo e, ao mesmo tempo, distante de tudo aquilo que a cantora havia testado em Remember Your North Star (2022) e outros trabalhos, Do It Afraid se sustenta a partir de músicas que, mesmo curtas, evidenciam uma complexidade digna de grandes exemplares do gênero. Composições que partem do neo-soul para dialogar com outros estilos, como o R&B, o pop, o funk, o jazz e o rap em uma linguagem própria da artista.
Em End of The World, por exemplo, perceba como a musicista passeia em meio a ambientações etéreas e estruturas rítmicas que incorporam afrobeats de forma minimalista. Já em Dream Girl, são sintetizadores que, mesmo inspirados pelo pop da década de 1980, em nenhum momento tendem à nostalgia barata. Um fino exercício criativo que muda completamente de direção em Aye Noche, com batidas e versos rápidos.
É como se cada nova faixa levasse o ouvinte para um território diferente, porém, preservando a essência de Yaya Bey. Sexta música do álbum, Spin Cycle torna isso bastante explícito. São pouco mais de três minutos em que a artista se aventura pelo reggae sem necessariamente romper com o restante da obra. O mesmo pode ser percebido em Merlot and Grigio, parceria com Father Philis em que explora os ritmos caribenhos.
Ainda que essa pluralidade de ideias seja articulada de maneira bastante natural durante toda a execução do trabalho, o volume excessivo de canções acaba comprometendo a experiência do ouvinte. São músicas como Blicky, No For Real, WTF? e Choice que, mesmo marcadas pelo refinamento instrumental e poético, apenas repetem conceitos, temas e estruturas apresentadas pela cantora na primeira metade do registro.
Entretanto, nada disso impede que Do It Afraid funcione como um importante capítulo na obra da artista. Do início ao fim do álbum, a cantora parece mais segura das próprias escolhas, encontrando espaço para amarrar referências de forma bastante sutil e arriscar sem perder o controle. Mesmo quando escorrega na repetição, entrega um trabalho sensível aos próprios limites e consciente dos caminhos que deseja seguir.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.