Ano: 2025
Selo: Roc Nation
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Kanye West e Kendrick Lamar
Ouça: Chains & Whips, P.O.V. e Let God Sort Em Out
Ano: 2025
Selo: Roc Nation
Gênero: Rap
Para quem gosta de: Kanye West e Kendrick Lamar
Ouça: Chains & Whips, P.O.V. e Let God Sort Em Out
Quando se espera tanto tempo pelo retorno de um projeto tão icônico quanto o Clipse, vencer o monstro da expectativa nem sempre é uma tarefa fácil. Pelo menos os irmãos Pusha T e Malice se esforçam em Let God Sort Em Out (2025, Roc Nation). Primeiro álbum de estúdio da dupla de Virginia Beach em 16 anos, o álbum traz de volta parte dos temas incorporados aos antigos trabalhos enquanto busca dialogar com o presente.
Sequência ao material entregue no já pouco inspirado Til the Casket Drops (2009), o álbum produzido por Pharrell Williams, colaborador de longa data da dupla, se aprofunda em questões como o tráfico de drogas, ostentação e consumo, porém atravessado por um fino toque de espiritualidade e busca por redenção. A questão é que, inicialmente pensado para sair pela Def Jam, um dos braços da comercial Universal Music, o registro passou por tantos filtros e aprovações que parece ter perdido parte da habitual acidez do projeto.
A rima afiada e o estilo sarcástico de Pusha T, conhecido pelos ataques a nomes como Drake, Travis Scott e Lil Wayne, ainda estão presentes durante toda a execução do álbum, porém diluídos em versos que agora equilibram arrogância e autorreflexão. Mesmo quando se liberta, como em M.T.B.T.T.F. e E.B.I.T.D.A., o rapper está longe de igualar a boa forma explícita em obras como Lord Willin’ (2002) e Hell Hath No Fury (2006).
Entretanto, a contensão de Pusha T está longe de parecer o principal problema do disco. Enquanto Malice dispara algumas das piores rimas da carreira (“Persona non grata, mi casa, su casa / Drugs killed my teen spirit, welcome to Nirvana”), Williams exagera na polidez em um esforço claro de atender às exigências da gravadora e atingir diferentes parcelas do público. Claro que isso não interfere na entra de boas canções.
É o caso de Chains & Whips, faixa que não apenas destaca a produção intensa de Williams, como as rimas de Kendrick Lamar, um dos responsáveis pela cisão com a Def Jam e consequente transferência da dupla para a Roc Nation. Outro convidado que chama a atenção é Tyler, The Creator, parceiro em P.O.V., música que combina passado e presente do Clipse, como um olhar minucioso da dupla sobre a própria trajetória.
Surgem ainda preciosidades como a urgente E.B.I.T.D.A. e a música-título do disco, com Nas, que destacam tanto a potência das rimas como a produção de Williams. Entretanto, falta ao trabalho o mesmo senso de fascinação que consagrou a dupla nos anos 2000. Entre filtros corporativos e tentativas de parecer atual, Let God Sort Em Out soa mais como um gesto de preservação do que um real avanço criativo para o Clipse.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.