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Crítica

The Armed

: "The Future is Here and Everything Needs to Be Destroyed"

Ano: 2025

Selo: Sargent House

Gênero: Rock, Pós-Hardcore

Para quem gosta de: Converge e KEN Mode

Ouça: Well Made Play e Sharp Teeth

7.9
7.9

The Armed: “The Future is Here and Everything Needs to Be Destroyed”

Ano: 2025

Selo: Sargent House

Gênero: Rock, Pós-Hardcore

Para quem gosta de: Converge e KEN Mode

Ouça: Well Made Play e Sharp Teeth

/ Por: Cleber Facchi 21/08/2025

A crueza explícita em Well Made Play, música de abertura em The Future Is Here And Everything Needs To Be Destroyed (2025, Sargent House), diz muito sobre aquilo que o grupo The Armed busca desenvolver no mais recente trabalho de estúdio da banda. São pouco mais de dois minutos em que o ouvinte é soterrado em meio a vozes berradas, guitarras altamente ruidosas e uma bateria que reforça a violência do coletivo.

Ainda que essa seja justamente a base de qualquer outro registro apresentado pelo sempre mutável grupo em estúdio, o sucessor de Perfect Saviors (2023) convence pela ferocidade. É como se a banda investisse em uma abordagem ainda mais direta. Canções que se resolvem em um intervalo de dois minutos, como se o coletivo partisse para cima do ouvinte de maneira violenta e, consequentemente, difícil de ser ignorada.

Uma das primeiras faixas do trabalho a serem reveladas ao público, Kingbreaker sintetiza isso de maneira bastante explícita. Enquanto os versos tratam sobre a sensação de alienação e desgaste emocional em um mundo artificial e hostil, guitarras e batidas rápidas se entrelaçam de forma a alavancar as vozes. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais brutal e anárquica na música seguinte, Grace Obscure.

Entretanto, a grande beleza de The Future Is Here And Everything Needs To Be Destroyed, assim como os demais registros da banda, não está na brutalidade excessiva, mas na forma como a banda equilibra faixas caóticas com momentos aprazíveis. Sexta música do registro, Sharp Teeth funciona como um bom exemplo disso, incorporando vozes femininas e melodias cantaroláveis que levam o trabalho para outras direções.

Posicionada próxima ao encerramento do disco, Heathen é outra que chama a atenção pela forma como o grupo suaviza os elementos sem necessariamente perder a potência do trabalho. Uma espécie de respiro criativo que antecede a turbulenta A More Perfect Design, música que não apenas pontua o registro com excelência, como ainda reforça a abordagem contrastante que orienta o repertório até os momentos finais.

Mesmo sem promover grandes transformações em relação aos antigos trabalhos da banda, The Future Is Here And Everything Needs To Be Destroyed encontra nesse jogo de contrastes sua principal força criativa. A alternância entre faixas brutais e momentos de alívio melódico revela o disco em uma tensão constante, como se cada faixa amplificasse o impacto da seguinte. Uma obra que, embora presa a vícios estéticos do coletivo, preserva o interesse do ouvinte até o último segundo, convertendo familiaridade em grandeza.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.