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Crítica

Indigo de Souza

: "Precipice"

Ano: 2025

Selo: Loma Vista

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Lucy Dacus e Miya Folik

Ouça: Heartthrob e Crying Over Nothing

7.0
7.0

Indigo de Souza: “Precipice”

Ano: 2025

Selo: Loma Vista

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Lucy Dacus e Miya Folik

Ouça: Heartthrob e Crying Over Nothing

/ Por: Cleber Facchi 26/08/2025

Desde que deu vida ao confessional Any Shape You Take (2021), ficou bastante evidente a busca de Indigo de Souza por um repertório cada vez mais acessível, por vezes íntimo do pop tradicional. São canções que preservam o habitual lirismo expositivo da musicista norte-americana, porém cada vez menos herméticas, conceito reforçado em cada uma das composições que abastecem o doloroso Precipice (2025, Loma Vista).

Como indicado no próprio título e na faixa de encerramento do álbum, Precipice é uma obra sobre se jogar no desconhecido. “Pegue minha vida / E deixe ir”, clama a musicista. É como uma extensão natural de tudo aquilo que a cantora tem incorporado desde a estreia com I Love My Mom (2018), ainda que adaptada ao mesmo tipo de proposta descomplicada que marca o repertório do antecessor All of This Will End (2023).

Terceira música do disco, Crush sintetiza isso de forma bastante eficiente. Da melodia pegajosa aos versos que parecem pensados para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição (“Acho que estou apaixonada por você”), nunca antes a artista pareceu tão adorável. O mesmo acontece em Clean It Up, uma balada agridoce que aponta diretamente para o trabalho de cantoras como Lucy Dacus e Phoebe Bridgers.

Entretanto, é quando mais se aproxima dos discos antigos, dá vazão às guitarras e versos feitos para serem cantados a plenos pulmões, que de Souza se revela por completo. “Eu realmente me esforcei / Eu realmente me esforcei”, repete a artista em Heartthrob, canção que sintetiza essa força avassaladora que, vez ou outra, explode no decorrer do trabalho. E ela está longe de parecer o único destaque entre as faixas de Precipice.

Em Pass It By, por exemplo, são batidas e sintetizadores rápidos que se completam pela letra que busca por transformação (“Eu ficarei bem, se eu puder apenas passar por isso”). Mesmo quando desacelera, como em Be Like The Water, fica bastante evidente a entrega sentimental da cantora, como se de Souza em nenhum momento deixasse de dialogar com o ouvinte por meio das próprias angústias e tormentos mais intimistas.

Embora repleto de boas canções, como a melancólica Crying Over Nothing, Precipice parece oscilar entre momentos de rara inspiração e faixas que nada acrescentam ao conjunto da obra. Músicas como Dinner e Not Afraid soam apáticas, como esboços de ideias que jamais se desenvolvem por completo. Falta o mesmo tipo de entrega explícito nos pontos altos do registro, o que compromete o impacto pretendido pela artista. Ainda assim, mesmo irregular, de Souza mantém o desejo de se comunicar com clareza e vulnerabilidade.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.