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Crítica

Quadeca

: "Vanisher, Horizon Scraper"

Ano: 2025

Selo: X8

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Quickly, Quickly e MNDSGN

Ouça: No Questions Asked, Monday e At a Time Like This

7.4
7.4

Quadeca: “Vanisher, Horizon Scraper”

Ano: 2025

Selo: X8

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Quickly, Quickly e MNDSGN

Ouça: No Questions Asked, Monday e At a Time Like This

/ Por: Cleber Facchi 11/09/2025

Traduzir o tipo de sonoridade explorada por Benjamin Lasky no Quadeca está longe de parecer uma tarefa simples, afinal, a cada novo trabalho de estúdio, o cantor e compositor norte-americano leva a própria obra para um território diferente. São canções que combinam elementos de pop de câmara, música brasileira, rap e doses consideráveis de psicodelia enquanto se aprofundam em delírios e temáticas existencialistas.

Quarto e mais recente trabalho de estúdio do instrumentista californiano, Vanisher, Horizon Scraper (2025, X8), talvez seja a melhor representação disso. Enquanto os versos se aprofundam na narrativa melancólica de um marinheiro solitário que se torna obcecado pelo horizonte, como uma metáfora para a relação de Lasky com a música, arranjos caprichados e inusitadas combinações de estilos ampliam os limites da obra.

A própria escolha de Lasky em inaugurar o disco com No Questions Asked torna isso ainda mais explícito. Utilizando de samples de Deus Lhe Pague, de Chico Buarque, vozes etéreas, pianos e batidas cuidadosas, o músico trata de ambientar o ouvinte ao universo mágico do álbum. São sobreposições inexatas, como um convite a se perder em um extenso território marcado pelo permanente atravessamento de informações.

Exemplo disso fica bastante evidente na sequência formada por Godstained, At a Time Like This e Monday. São pouco mais de onze minutos em que o compositor combina coros de vozes, arranjos de cordas, batidas grandiosas e efeitos enquanto vai do R&B à música erudita. É como uma interpretação ainda mais delicada e musicalmente detalhista de tudo aquilo que o artista havia testado em I Didn’t Mean to Haunt You (2022).

Se por um lado essa riqueza de ideias fortalece o desenvolvimento do disco, por outro, o volume excessivo de informações e canções que se estendem para além do necessário, fazem de Vanisher, Horizon Scraper uma obra difícil de ser absorvida, por vezes inchada. Falta ritmo ao álbum, como se Lasky seguisse em uma medida totalmente particular de tempo, livre de pressa, tratando cada composição como um objeto isolado.

Ainda assim, é nesse percurso irregular que surgem alguns dos momentos mais inspirados do trabalho, especialmente nas parcerias. Em The Great Bakunawa, a presença de Danny Brown acrescenta tensão e dinamismo à narrativa, reforçando o caráter onírico e perturbador da obra. Já em Casper, a colaboração com Maruja cria um contraste de texturas e climas que expande o universo sonoro do álbum, sem perder coesão. São interações que não apenas enriquecem o conjunto, mas confirmam a habilidade de Lasky em integrar vozes distintas ao seu imaginário, mesmo quando este se mostra deliberadamente fragmentado.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.