De Baco Exu do Blues a BK, de Duda Beat a Pabllo Vittar, não foram poucos os artistas que encontraram na produção do Deekapz a passagem para um repertório marcado pela riqueza das batidas. Não por acaso, ao mergulhar no primeiro trabalho de estúdio, Deekapz FM (2025, Independente), o duo formado por Paulo Vitor e Matheus Henrique fez desse aspecto colaborativo o estímulo criativo para a elaboração do material.

Como indicado no próprio título da obra, Deekapz FM se revela como uma estação de rádio inspirada pela programação dos anos 1990 e 2000. Comandado pela narração de Jamés Ventura, o álbum funciona tanto com um exercício conceitual, remontando musicalmente a infância e adolescência do duo paulista, como uma vitrine que ainda destaca a capacidade da dupla em transitar com naturalidade por diferentes estilos.

E eles não chegam desacompanhados. Em Dance, logo na abertura do disco, são as vozes do Fat Family que atravessam a faixa que vai do baile funk ao garage. Minutos à frente, em Repare, são as integrantes da Tuyo que destacam o lado contemplativo do trabalho. Surgem ainda artistas como Clara Lima, Nego Bala e Nill, responsáveis por uma sequência de canções que posicionam as rimas em primeiro plano dentro do disco.

Entretanto, é quando se entrega à urgência das batidas que a dupla garante algumas das melhores músicas do disco. É o caso de Onde Anda o Meu Amor, delicioso encontro com Criolo, Makoto e DJ Marky que traz de volta a fluidez do sambass. Quem também segue o mesmo caminho é Bibi Caetano, parceira de longa data do Deekapz e colaboradora em Riscos, composição que faz lembrar de nomes como Fernanda Porto.

Nada que diminua o impacto de faixas como a reducionista Vem Comigo, com vozes impecáveis de Maui, e Manias Disfuncionais, parceria com Gab Ferreira, que evoca o estilo de produção do Disclosure. Claro que nem todas as canções que integram a obra partilham do mesmo refinamento, como Detalha, com produção contida e versos travados de Kaike, ou mesmo Bafora, encontro com Urias e Maffalda que parece pertencer muito mais ao último trabalho da cantora mineira, Her Mind (2023), do que ao repertório de Deekapz FM.

Ainda assim, mesmo em momentos menos inspirados, prevalece em Deekapz FM a capacidade da dupla em sintonizar diferentes vozes, referências, ritmos e sonoridades em uma mesma frequência. Concebido em um intervalo de três anos, o trabalho é tanto um exercício de apresentação como uma manifestação da completa maturidade dos dois produtores. Um misto de celebração, domínio técnico e intensa colaboração.

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