Ano: 2025
Selo: Sonic Cathedral / Hand Drawn Dracula
Gênero: Rock, Dream Pop
Para quem gosta de: Cocteau Twins e Lush
Ouça: Bits, Bugland e Jelly Meadow Bright
Ano: 2025
Selo: Sonic Cathedral / Hand Drawn Dracula
Gênero: Rock, Dream Pop
Para quem gosta de: Cocteau Twins e Lush
Ouça: Bits, Bugland e Jelly Meadow Bright
Ainda que fatiado em oito canções, Bugland (2025, Sonic Cathedral / Hand Drawn Dracula) é uma dessas obras que funcionam melhor quando apreciadas em totalidade. Primeiro disco de inéditas do No Joy em cinco anos, o sucessor de Motherhood (2020) pode até seguir a trilha dos antigos trabalhos de Jasamine White-Gluz, mas chama a atenção pela completa desconstrução dos arranjos, batidas, melodias e vozes.
E isso tem um motivo. Para a realização do material, White-Gluz contou com a interferência direta da multi-instrumentista e produtora Angel Marcloid. Conhecida pelo trabalho como Fire-Toolz, a musicista assume a tarefa de ampliar os horizontes de possibilidades do No Joy, proposta que naturalmente preserva o tipo de som ruidoso do projeto canadense, porém, partindo de uma abordagem ainda mais fragmentada e etérea.
A própria escolha de White-Gluz em anunciar a chegada de Bugland com a faixa-título do disco torna isso bastante explícito. Mesmo guiada pela urgência das batidas, a composição se sustenta a partir do uso torto das vozes, camadas enevoadas de sintetizadores e ruídos granulados. É como uma interpretação retorcida de tudo aquilo que o No Joy tem explorado desde o amadurecimento artístico em Wait To Pleasure (2013).
Embora parta de um acabamento essencialmente abstrato e exploratório, Bugland mantém firme o diálogo com o ouvinte. Exemplo disso pode ser percebido em Bits. Enquanto os versos destacam o lado emocional de White-Gluz (“Eu ainda quero você”), melodias pegajosas e guitarras marcadas pela distorção criam uma contrastante combinação de sensações, direcionamento reforçado em outros momentos ao longo da obra.
Entretanto, é quando se entrega ao mais completo experimentalismo que White-Gluz apresenta ao público algumas das melhores faixas do disco. É o caso Jelly Meadow Bright. Com quase oito minutos de duração, a música não apenas destaca a relação da musicista com Fire-Toolz, como ainda leva o álbum para direções inimagináveis, conceito reforçado pela aplicação gutural das vozes e inusitado passeio da dupla pelo jazz.
Ainda que algumas composições destoem do restante da obra, como My Crud Princess, com suas guitarras e bateria que emulam os anos 1980, prevalece em Bugland uma consistência poucas vezes antes percebida nos trabalhos do No Joy. Entre texturas saturadas e rupturas estéticas, White-Gluz e Marcloid encontram um espaço próprio, ampliando a identidade da banda sem necessariamente perder o controle do álbum.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.