Ano: 2025
Selo: AD 93
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: a.s.o. e Erika de Casier
Ouça: Blinkmoth (July Mix) e Hypersoft Lovejinx Junkdream
Ano: 2025
Selo: AD 93
Gênero: Eletrônica
Para quem gosta de: a.s.o. e Erika de Casier
Ouça: Blinkmoth (July Mix) e Hypersoft Lovejinx Junkdream
O uso calculado das batidas, melodias etéreas e vozes quase submersas de Days Go By, canção de abertura em Friend (2025, AD 93), novo trabalho de James K, diz muito sobre aquilo que a produtora, compositora e cantora nova-iorquina busca desenvolver no terceiro registro de estúdio da carreira. São composições que alternam entre a vulnerabilidade e a doce nostalgia, como a passagem para um universo próprio da artista.
Sequência ao material entregue pela artista em Pet (2016) e Random Girl (2022), o registro deixa de lado o experimentalismo proposto nos trabalhos que o antecedem para dialogar de forma sutil com o pop. É como um olhar revivalista, ainda que profundamente autoral, para a produção dos anos 1990. Canções que vão do downtempo/trip-hop de Dido e Massive Attack ao dream pop/shoegaze de Cocteau Twins e Slowdive.
A principal diferença em relação a outros projetos recentes do gênero, como a estreia de Avalon Emerson, a.s.o. ou mesmo o último álbum de Erika de Casier, Lifetime (2025), está na forma como a produtora nova-iorquina avança em uma medida sempre particular de tempo. São canções que ganham forma aos poucos, sem pressa, detalhando incontáveis camadas de sintetizadores, texturas eletrônicas e melodias enevoadas.
Segunda faixa do disco, Blinkmoth (July Mix) sintetiza isso de forma bastante eficiente. Em um intervalo de sete minutos, a artista se aventura na elaboração das batidas e ambientações que parecem pensadas para envolver e confortar o ouvinte. Nada que prejudique a entrega de composições ainda íntimas dos antigos registros da produtora, como a fragmentada Idea.2 ou Rider, canção em que incorpora elementos de drone.
Entretanto, é quando alcança um ponto de equilíbrio entre esses dois extremos da obra, transitando entre a experimentação e o pop, que a produtora garante ao público algumas das melhores composições do disco. É o caso da crescente Hypersoft Lovejinx Junkdream, música em que ainda combina elementos de Duvet, eternizada pelo grupo Bôa na abertura da animação Serial Experiments Lain (1998), além da pulsante Play.
Ainda que sedutor em sua atmosfera enevoada e no diálogo inventivo com diferentes vertentes do pop e da música eletrônica, Friend padece de um ritmo por vezes arrastado. Entre longos trechos de contemplação e experimentos dilatados, há instantes em que o trabalho se distancia de seus melhores momentos, criando lacunas perceptíveis até o reencontro com faixas mais inspiradas. Um lento desvendar de sensações que, para o bem ou mal, detalha a maneira complexa como a artista nova-iorquina se articula musicalmente.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.