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Crítica

Maui

: "Melodia&Barulho"

Ano: 2025

Selo: DeckDisc

Gênero: Pop, R&B

Para quem gosta de: Deekapz e Luccas Carlos

Ouça: Seu Telefone, Comemorar? e Te Ganhar

8.3
8.3

Maui: “Melodia&Barulho”

Ano: 2025

Selo: DeckDisc

Gênero: Pop, R&B

Para quem gosta de: Deekapz e Luccas Carlos

Ouça: Seu Telefone, Comemorar? e Te Ganhar

/ Por: Cleber Facchi 03/10/2025

Melodia&Barulho (2025, DeckDisc) é um álbum que tinha tudo para dar errado, mas dá muito certo. Estreia do cantor, compositor e MC fluminense Maui, o disco transita por estilos completamente distintos, como o pagode, drum and bass, R&B, reggae, grime e afrobeats, porém estabelece nessa contrastante combinação de gêneros o estímulo necessário para aflorar a poesia versátil do artista e seus diferentes colaboradores.

Como indicado na própria imagem de capa, uma releitura da tela Hell De janeiro (2021), de ArteDeft, Maui é um artista que encontra equilíbrio no caos. Do momento em que tem início, em Tem gente com fome, uma interpretação do poema de Solano Trindade narrado por Sílvia de Mendonça, cada nova canção destaca a capacidade do MC em transitar por incontáveis estilos, temas e propostas criativas com absoluto domínio.

Exemplo disso fica mais do que evidente em Seu Telefone. Repleta de acenos para Hotline Bling, de Drake, a canção parte de onde o rapper canadense parou há dez anos, porém cresce substancialmente na intensa combinação de ritmos e no contraponto feminino gerado pela participação da gaúcha Cristal. Um colorido cruzamento de estilos, melodias e referências que impossibilita prever qualquer novo movimento de Maui.

Embora parta de uma abordagem conceitualmente diversa, fazendo do caos seu maior aliado, Maui nunca perde o controle da própria criação. É possível até perceber uma separação bastante clara entre a primeira e a segunda metade do registro. Com faixas como Comemorar? e Te Ganhar logo nos minutos iniciais, fica evidente o esforço do músico em concentrar as conquistas, excessos e romances na abertura do material.

Já na segunda metade do trabalho, o ritmo desacelera e o artista mergulha em canções que tratam sobre questões políticas e sociais, além, claro, dos próprios tormentos, relacionamentos fracassados e conflitos existenciais. Se por um lado essa abordagem contrastante solidifica a dualidade do registro, por outro, o avanço lento e faixas que se repetem tematicamente tornam essa porção do álbum difícil de ser absorvida.

Entretanto, quando começa a perder fôlego, Maui tem sempre uma canção que traz o registro de volta aos eixos. A própria escolha em pontuar o álbum com a esperançosa Não É Tarde torna isso bastante explícito. Ainda que imprevisível em sua execução e regido pela constante fragmentação de ideias, Melodia&Barulho se estabelece justamente como o retrato fiel de um artista que acerta ao preferir o risco à previsibilidade.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.