Ano: 2025
Selo: Partisan / Play It Again Sam
Gênero: Rock
Para quem gosta de: MJ Lenderman e Squid
Ouça: Taxes e Long Island City Here I Come
Ano: 2025
Selo: Partisan / Play It Again Sam
Gênero: Rock
Para quem gosta de: MJ Lenderman e Squid
Ouça: Taxes e Long Island City Here I Come
Cameron Winter vive hoje uma de suas melhores fases. Depois de uma excelente estreia em carreira solo com Heavy Metal (2024), o compositor nova-iorquino e seus companheiros no Geese retornam com Getting Killed (2025, Partisan / Play it again Sam). Expansão sonora de tudo aquilo que o grupo havia testado desde A Beautiful Memory (2018), o trabalho eleva, distorce e amplia o que há de melhor no repertório da banda.
Parte desse resultado vem da própria decisão da banda, completa por Dominic DiGesu, Emily Green e Max Bassin, em escolher Kenny Beats como produtor do disco. Conhecido pelo trabalho em parceria com Vince Staples, Danzel Curry e outros nomes de peso do rap, o artista ajuda o grupo a se organizar em estúdio e a trilhar caminhos ainda menos convencionais do que aqueles explorados pelo Geese em 3D Country (2023).
Exemplo disso fica ainda mais evidente na escolha de Trinidad como composição de abertura do trabalho. Enquanto os versos tratam sobre paranoia, desespero e violência doméstica, o uso de tempos pouco usuais e arranjos que flertam com o funk-rock-psicodélico de Sly & the Family Stone levam o som da banda para direções antes inimagináveis quando pensamos nos primeiros discos do Geese. E isso é apenas o começo.
A cada nova faixa, Winter e seus companheiros arremessam o ouvinte para um território completamente distinto. Em 100 Horses, por exemplo, são camadas de guitarras e fragmentos melódicos que se espalham de forma expansiva. Já em Husbands, com versos que misturam imagens enigmáticas de dor e resistência, é a percussão destacada de Bassin, lembrando Tom Waits em Bone Machine (1992), que tensiona o ouvinte.
Surgem ainda composições bastante curiosas, como Au Pays du Cocaine, balada que posiciona os pianos em primeiro plano e evoca Nick Cave, porém sustenta nos versos um lirismo acolhedor para tratar sobre a liberdade dentro de uma relação, aceitando a mudança do outro sem impor limites. Nada que Bow Down, com suas guitarras e batidas pouco usuais, não dê conta de perverter. É como se, para cada momento mais acessível, houvesse sempre uma contraparte que bagunça os rumos do álbum, rompendo com o conforto.
Embora parta de uma abordagem exploratória, por vezes confusa e arrastada em seus momentos iniciais, Winter e seus parceiros encontram equilíbrio ao garantir grandes canções que funcionam como pilares dentro do disco. Da vulnerabilidade explícita em Cobra, passando pela potência de Taxes e Long Island City Here I Come, não são poucos os momentos em que a banda nova-iorquina estreita laços com o ouvinte, porém, preservando o estranhamento das formas instrumentais, poéticas e rítmicas que regem o material
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.