Ano: 2025
Selo: Anti-
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Jenny Lewis e Gillian Welch
Ouça: Wreck e Winchester Mansion Of Sound
Ano: 2025
Selo: Anti-
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Jenny Lewis e Gillian Welch
Ouça: Wreck e Winchester Mansion Of Sound
Primeiro trabalho produzido e arranjado inteiramente por Neko Case, Neon Grey Midnight Green (2025, Anti-) mostra a artista norte-americana em sua melhor forma. Sequência ao material entregue em Hell-On (2018), o registro deixa de lado a atmosfera soturna do álbum que o antecede para destacar o esmero na execução dos temas instrumentais e versos que se aprofundam em diferentes aspectos da vida da cantora.
Quarta faixa do disco, Winchester Mansion Of Sound sintetiza isso de forma sensível. Mesmo consumida por memórias de um passado ainda recente e as recordações de amigos que faleceram nos últimos anos, Case equilibra a melancolia dos versos com o uso de temas orquestrais que elevam a canção. O próprio encerramento da composição, com ecos do pop vocal da década de 1960, torna isso ainda mais evidente.
É como se Case tivesse completo domínio da própria criação, remanejando sentimentos, temas e melodias para potencializar o que há de melhor em cada composição. Não se trata de algo exatamente novo quando pensamos em outras obras dotadas de uma abordagem similar, como The Worse Things Get, The Harder I Fight, the Harder I Fight, the More I Love You (2013), porém é difícil não ceder aos encantos da musicista.
A principal diferença entre Neon Grey Midnight Green e outros álbuns assinados pela artista está na forma como Case trata de sentimentos sempre complexos com leveza. Exemplo disso é o que acontece em Wreck. Enquanto a letra trata sobre um amor intenso e avassalador, comparando a paixão a fenômenos cósmicos, melodias e versos sempre cantaroláveis levam o trabalho para outras direções, rompendo com o esperado.
Da fluidez dos arranjos, que contaram com o suporte de uma orquestra formada por mais de vinte músicos, passando pela força das vozes, cada mínimo fragmento do trabalho reflete o detalhamento de Case. Mesmo quando garante maior destaque às guitarras, como na própria faixa-título do disco, a artista mantém firme o mesmo capricho e refinamento técnico explícito em preciosidades como Rusty Mountain e An Ice Age.
Síntese de tudo aquilo que a cantora tem desenvolvido ao longo das últimas décadas, Neon Grey Midnight Green escancara o domínio criativo e maturidade de Case, porém, revelando um fino toque de frescor. Um álbum que valoriza tanto o detalhamento técnico quanto a liberdade da artista dentro de estúdio, proposta que converte perdas pessoais, tormentos e afetos em expressões poéticas e sonoras de pura intensidade.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.