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Crítica

Rochelle Jordan

: "Through The Wall"

Ano: 2025

Selo: Empire

Gênero: R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Kelela e Erika de Casier

Ouça: The Boy, Sweet Sensation e Close 2 Me

8.5
8.5

Rochelle Jordan: “Through The Wall”

Ano: 2025

Selo: Empire

Gênero: R&B, Eletrônica

Para quem gosta de: Kelela e Erika de Casier

Ouça: The Boy, Sweet Sensation e Close 2 Me

/ Por: Cleber Facchi 08/10/2025

Rochelle Jordan é uma artista curiosa. Depois de estrear com 1021 (2014), a cantora e compositora anglo-canadense levaria sete anos até regressar com o sucessor Play With the Changes (2021). Entretanto, é na completa ausência de pressa que Jordan se articula, transitando por entre estilos e diferentes parceiros criativos, direcionamento reforçado no fino repertório apresentado em Through The Wall (2025, Empire).

Feito para ser absorvido aos poucos, o sucessor de Play With The Changes segue de onde a artista parou há quatro anos, conceito reforçado pela vasta tapeçaria instrumental do trabalho, porém potencializa as virtudes de Jordan. São canções que vão do R&B ao deep house, do UK garage ao pop, em uma abordagem que não apenas posiciona as vozes sempre em primeiro plano, como escancara a versatilidade da cantora.

Parte desse resultado vem da escolha de Jordan em estreitar laços com velhos colaboradores, como KLSH e Machinedrum, além, claro, de abrir passagem para novos colaboradores que sabem como destacar o que há de melhor no trabalho da artista. Exemplo disso fica bastante evidente em The Boy, faixa que revela a produção de um Kaytranada profundamente dinâmico, detalhista e interessado em fazer o ouvinte dançar.

Sobrevive justamente nessa relação de Jordan com as pistas o componente central do trabalho. Instantes em que a artista vai da house, em Ladida, ao drum and bass, na música Words 2 Say, sem necessariamente fazer disso o estímulo para uma obra confusa. Pelo contrário, é fascinante perceber a forma como a cantora vai de um estilo a outro de forma totalmente imprevisível, jogando com as possibilidades a cada nova faixa.

Nesse sentido, Through The Wall se revela muito mais como um exercício de refinamento do que um ponto de ruptura na carreira de Jordan. A exemplo de Kelela, em Raven (2023), ou mesmo Jessie Ware, em That! Feels Good! (2023), a artista anglo-canadense pouco avança criativamente, aperfeiçoando o que já havia de melhor no repertório de Play With The Changes e garantindo ao público um catálogo de boas composições.

Mesmo que nem todas as canções partilhem do mesmo refinamento e até se repitam estruturalmente, como I’m Your Muse e On 2 Something, prevalece em Through The Wall a potência de Jordan. São composições inescapáveis como Sum, Sweet Sensation, Close 2 Me e TTW que funcionam tanto nos momentos de maior intensidade, como nos instantes de calmaria, destacando o domínio criativo, equilíbrio e entrega da artista.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.