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Ano: 2025

Selo: Risco

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Besouro Mulher e Pelados

Ouça: Campo Minado e Cinema Brasileiro

8.3
8.3

Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro: “Handycam”

Ano: 2025

Selo: Risco

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Besouro Mulher e Pelados

Ouça: Campo Minado e Cinema Brasileiro

/ Por: Cleber Facchi 10/10/2025

Ver e ouvir o mundo a partir de diferentes perspectivas é um dos princípios básicos que definem o fazer artístico e o processo de composição musical. No caso de Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro, esses recortes são ainda mais específicos, intimistas e, por vezes, até documentais. Frações do cotidiano, como câmeras que apontam para temas políticos e sentimentais, estímulos para o fino repertório de Handycam (2025).

Utilizando a alegoria das câmeras de mão como instrumento de captura da realidade, Chablau, conhecida pelo trabalho nas bandas Uma Enorme Perda de Tempo e Besouro Mulher, e Vaqueiro, também membro da Tangolo Mangos, propõem uma observação sobre o cenário ao redor e as inquietações internas de maneira bastante sensível. Um misto de poesia visual e narrativa urbana orientada por letras sempre provocadoras.

Em Cinema Total, por exemplo, são versos que contrastam o caos do mundo com a busca por acolhimento. Já em Campo Minado, uma crítica à naturalização da violência, expondo a contradição entre o amor como conflito e a guerra como espetáculo mediático. Nada que prejudique a entrega de composições puramente emocionais, como em Tempestade de Verão e suas imagens musicais que expressam a ausência do outro.

Sobrevive justamente nesse equilíbrio entre a poesia crítica e o lirismo sentimental, a calmaria e a fúria, a grande beleza do repertório de Handycam. Instantes em que a dupla fala sobre a força política do coletivo, como em Cinema total e Canção do retorno, sem necessariamente reduzir a potência da fragilidade, marca de composições como a apaixonante Já Não Me Sinto Tão Só, Buracos e a já conhecida Viciado Em Carinho.

Mesmo a base instrumental do disco detalha uma pluralidade de estilos poucas vezes antes percebida e tão bem estruturada nos projetos paralelos de cada integrante. Canções que vão do reducionismo calculado à invasão descomunal dos ruídos, direcionamento que ainda se completa pelo acréscimo do baixista Marcelo Cabral (Metá Metá, Elza Soares) e do baterista Biel Basile (O Terno) durante toda a execução do trabalho.

Embora inaugurado e pontuado por canções em inglês que não dão conta de alcançar a mesma grandeza explícita no restante da obra, prevalece em Handycam o caráter exploratório e esforço dos dois artistas em se desafiar criativamente. É como se Chablau e Vaqueiro transformassem cada nova faixa em um exercício de observação, equilibrando a urgência de registrar o presente com o prazer em moldar novas linguagens.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.