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Crítica

Mariah Carey

: "Here For It All"

Ano: 2025

Selo: Gamma / Mariah

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Alicia Keys e Beyoncé

Ouça: Play This Song, Here For It All e Sugar Sweet

7.3
7.3

Mariah Carey: “Here For It All”

Ano: 2025

Selo: Gamma / Mariah

Gênero: R&B

Para quem gosta de: Alicia Keys e Beyoncé

Ouça: Play This Song, Here For It All e Sugar Sweet

/ Por: Cleber Facchi 13/10/2025

Romântico, despretensioso, brega e marcado pelo incontestável capricho dos vocais, Here For It All (2025, Gamma / Mariah) é exatamente o que você poderia esperar de um trabalho de Mariah Carey. Sequência ao material entregue em Caution (2018), o registro passeia por entre estilos com uma naturalidade única, revelando a versatilidade da artista que, mesmo longe de arriscar, convence o ouvinte sem dificuldades.

Naturalmente incapaz de ser comparado ao rico repertório concebido pela artista na década de 1990, ou mesmo no aclamado retorno com The Emancipation of Mimi (2005), Here For It All é um exercício criativo que funciona pela abordagem leve adotada por Carey. A própria cantora revelou em entrevistas recentes que o álbum não foi feito intencionalmente, mas gradualmente, enquanto relançava seus antigos trabalhos.

E isso fica bastante evidente durante toda a execução do trabalho. Dotado de uma atmosfera veranil, Here For It All avança aos poucos, detalhando o uso de uma instrumentação calculada, por vezes minimalista em excesso, mas que potencializa as vozes da cantora. O próprio encontro com o cantor Anderson .Paak, na faixa Play This Song, parece apontar a direção para o restante da obra, ambientando o ouvinte ao material.

Claro que isso não interfere na entrega de músicas pontualmente enérgicas, resgatando o R&B urbano que marca o trabalho da cantora nos últimos anos, como em Type Dangerous. Entretanto, é quando se permite arriscar que Carey garante ao público algumas das melhores canções do disco. É o caso de Sugar Sweet, deliciosa parceria com Shenseea e Kehlani em que a artista se entrega ao dancehall de forma inesperada.

Nada que prejudique a entrega das habituais baladas de Carey. Enquanto algumas engrandecem a obra da artista, como In Your Feelings, com suas vozes impecáveis, outras, como Nothing Is Impossible, tendem ao completo exagero, mesmo na interpretação primorosa da cantora. Surgem ainda canções curiosas, como a releitura para My Love, faixa originalmente lançada por Paul McCartney na década de 1970 com o Wings.

Independentemente da direção em que aponta, Carey mantém sempre o esmero do material. Do misto de funk e gospel na inusitada Jesus I Do, encontro com o grupo vocal The Clark Sisters, passando pelo som dançante de I Won’t Allow It, sobram momentos em que a artista brilha em estúdio, proposta que se reflete até a deslumbrante faixa-título. Um registro talvez livre de grandes riscos e rupturas, porém inescapável.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.