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Crítica

Desastros

: "Desastros"

Ano: 2025

Selo: Grão Pixel

Gênero: Art Pop, Dream Pop

Para quem gosta de: Tarda e Lento, Distante

Ouça: Estrela Mãe, Via Láctea e Nebulosa Planetária

7.8
7.8

Desastros: “Desastros”

Ano: 2025

Selo: Grão Pixel

Gênero: Art Pop, Dream Pop

Para quem gosta de: Tarda e Lento, Distante

Ouça: Estrela Mãe, Via Láctea e Nebulosa Planetária

/ Por: Cleber Facchi 11/11/2025

Desastros (2025, Grão Pixel) é uma obra que joga com os contrastes. Estreia do grupo homônimo formado por Sara Não Tem Nome, Felipe D’Angelo, Julia Baumfeld, Bernardo Bauer e Pedro Hamdan, o registro que passeia pelo cosmos combina o uso de uma instrumentação etérea com a inserção de versos sóbrios que tratam sobre a insignificância da raça humana. Um delicado jogo de sensações, melodias, ritmos e vozes.

Inaugurado pela mística Desastres, o álbum estabelece logo nos primeiros minutos a base para o repertório que encontra na força esotérica e científica do cosmos a base para cada uma das nove faixas que integram o disco. Dado esse primeiro passado dentro do registro, Nebulosa Planetária, vinda em sequência, detalha o sempre meticuloso processo de criação da banda que se organiza em camadas de sobreposições sonoras.

Com o ouvinte ambientado ao disco, Estrela Mãe chega para transcender. Como quem vaga pelo espaço, as vozes flutuam em meio a delicadas camadas de sintetizadores, violões calculados e ambientações sutis que parecem pensadas para envolver o ouvinte. Nada que Só Um Bicho não dê conta de perverter, trazendo o registro para o campo terreno, conceito reforçado pela letra que analisa a frivolidade da espécie humana.

Minutos à frente, em Sono Profundo, o grupo mais uma vez alcança o plano cósmico, detalhando a riqueza dos arranjos, melodias e vozes que funcionam como um instrumento complementar. É como um gracioso preparativo para o que se revela de forma ainda mais complexa em Via Láctea. Enquanto a letra da canção funciona como alerta para as raças alienígenas, perceba o capricho do grupo na elaboração dos arranjos.

Passado esse momento de maior grandeza, o quinteto mais uma vez aterrisa com Paus e Pedras, faixa que destaca a percussão ritualística, mas pouco acrescenta ao restante do trabalho, servindo apenas como um interlúdio passageiro. Essa mesma sensação de desencaixe acaba se refletindo em Anos Luz, canção que, mesmo bem estruturada, parece mais uma sobra do Moons, outro projeto envolvendo D’Angelo e Hamdan.

Nada que Buraco Negro (Da Terra Úmida) não dê conta de solucionar. Escolhida para o encerramento do disco, a faixa não apenas resgata os temas espaciais/existenciais que orientam o restante do álbum, como ainda soluciona na ambientação diminuta a passagem para um sutil enxerto de Só Um Bicho, reforçando a ciclicidade poética e sonora que move o material. Uma estreia coesa, hipnótica e de rara beleza cósmica.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.