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Crítica

De Leve

: "Mantendo o Rap Vivo"

Ano: 2025

Selo: Brabo

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Black Alien e Shawlin

Ouça: Rap 40+ e Mantendo o Rap Vivo

8.5
8.5

De Leve: “Mantendo o Rap Vivo”

Ano: 2025

Selo: Brabo

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Black Alien e Shawlin

Ouça: Rap 40+ e Mantendo o Rap Vivo

/ Por: Cleber Facchi 29/10/2025

Se for pra regressar após tantos anos com um novo registro de inéditas, que seja como De Leve. Importante nome do rap fluminense nos anos 2000, o artista que já integrou o extinto grupo Quinto Andar está de volta com Mantendo o Rap Vivo (2025, Brabo). São onze composições que escancaram a capacidade do rapper em se deliciar com a construção das rimas de maneira ainda mais provocativa do que no início da carreira.

Afastado do rap desde o começo da década passada para se dedicar aos cuidados do filho, diagnosticado com autismo, De Leve foi regressando aos poucos. Após o lançamento de De Love (2009), último álbum de estúdio da carreira, o artista voltou cinco anos mais tarde com o EP Estalactite (2014). Em seguida, foi a vez de Poesia Rústica Mixtape (2021), projeto desenvolvido em colaboração com Daniel Shadow e Erik Skratch.

Entretanto, é com o presente trabalho que o rapper fluminense realmente demonstra toda sua potência em estúdio. Da atualização historiográfica e de endereço que marca a introdutória Pelas Ruas da ZN, passando pelo olhar satírico sobre os novos personagens do rap nacional, marca da divertida Brunim, sobram rimas e batidas, sempre assinadas em colaboração com Felipe Play e Jonis, que revelam o olhar atento do artista.

Mesmo quando recorre à nostalgia e estreita laços com antigos parceiros, como o rapper Matéria Prima, na potente faixa-título do disco, De Leve nunca se deixa consumir pelo próprio passado. Exemplo disso fica ainda mais evidente em Rap 40+. Completa pela participação de Old Dirty Bacon, Batz Ninja, Chapadão, a canção propõe uma reflexão sobre o envelhecimento dentro do estilo sem perder a acidez e o bom humor.

Embora parta de uma abordagem bastante provocativa em relação ao presente cenário, De Leve mantém um diálogo atento com a nova geração do rap nacional. Ou pelo menos aqueles que realmente importam. Da rima suave de Putodiparis, parceiro em GTA VI, ao lirismo escrachado de Oreia, em Aquela Mina, nítido é o esforço do rapper em ampliar os próprios domínios e celebrar em estúdio o que merece ser celebrado.

Partindo dessa abordagem equilibrada, De Leve garante ao público um trabalho capaz de agradar antigos ouvintes, mas que em nenhum momento deixa de dialogar com o presente cenário. Mesmo que o registro perca parte da tração nos minutos finais, revelando composições menos inspiradas, como E Puxa o Bonde e Caubói Espacial, Mantendo o Rap Vivo reafirma a relevância e a originalidade de De Leve como um dos grandes representantes do gênero, transformando esse retorno em um gesto de plena vitalidade artística.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.