Ano: 2025
Selo: Polydor
Gênero: Art Pop, Rock
Para quem gosta de: Lorde e PJ Harvey
Ouça: One of the Greats e Everybody Scream
Ano: 2025
Selo: Polydor
Gênero: Art Pop, Rock
Para quem gosta de: Lorde e PJ Harvey
Ouça: One of the Greats e Everybody Scream
Mesmo sem uma mudança de estilo tão significativa desde How Big, How Blue, How Beautiful (2015), difícil não ceder aos encantos de Florence Welch. Exemplo disso fica ainda mais evidente em Everybody Scream (2025, Polydor). Sexto e mais recente trabalho de estúdio da cantora inglesa, o registro mostra uma artista em pleno domínio da criação, proposta que vai da elaboração dos arranjos à construção densa dos versos.
Sequência ao material entregue em Dance Fever (2022), o registro que contou com a produção de nomes como Mark Bowen, Aaron Dessner, James Ford e Danny L Harle mostra Florence + The Machine em sua melhor forma. São canções que ganham forma aos poucos, culminando em um fechamento catártico, como um acúmulo natural de tudo aquilo que a cantora tem explorado desde Lungs (2009) e Ceremonials (2011).
E como Welch faz isso bem. Do momento em que tem início, na autointitulada composição de abertura, até alcançar Buckle, na metade de disco, a artista praticamente impede o ouvinte respirar. Um turbulento jogo de sensações, como nas ritualísticas Witch Dance e Sympathy Magic, que não apenas escancara o domínio da cantora em estúdio, como incorpora a mesma energia da musicista durante suas apresentações ao vivo.
Nada que prepare o ouvinte para a potência de One of the Greats. Enquanto a crueza das guitarras evoca o repertório de PJ Harvey na década de 1990, versos marcados pelo renascimento simbólico mostram uma artista que retorna dos mortos para confrontar o machismo estrutural da indústria da música. “Eu estarei lá, com os homens e as outras dez mulheres / Nos cem maiores discos de todos os tempos”, provoca Welch.
Embora parta de uma abertura impactante, Everybody Scream é incapaz de manter essa mesma potência em sua segunda metade. Salvo exceções, como The Old Religion, com versos que tratam sobre o desejo de libertação diante da repressão emocional e espiritual, tudo soa como uma repetição das ideias, temáticas e estruturas incorporadas na porção inicial do registro ou mesmo em outras obras da compositora inglesa.
Ainda assim, Welch jamais baixa o nível do álbum. Do uso da percussão, sopros e coros de vozes em Drink Deep, passando pela harpa que pontua o trabalho em And Love, evidente é o capricho da musicista e seus companheiros de estúdio durante toda a execução do material. Um exercício de autocontrole e profunda intensidade, como se a artista encontrasse outras formas de expandir a própria mitologia dentro de estúdio.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.