Yelle
French/Electro/Pop
http://www.myspace.com/iloveyelle
Por: Cleber Facchi
Bastaram apenas duas faixas carregadas de referências pop e toques de música eletrônica para que a francesa Yelle saísse de seu pequeno reinado de sucesso na França para brilhar no resto do mundo. Quatro anos após sua estonteante estreia com o disco Pop Up (2007) a garota de Saint-Brieuc volta com a mesma mistura que nos enfeitiçou a partir de faixas como A Cause Des Garçons e Je Veux te Voir. Despretensiosa e cheia de graça a cantora vem para nos fazer dançar.
Seja por seus vocais ou a instrumentação pop eletrônica, o fato é que Yelle consegue nos encantar com apenas uma audição. Porém, todo o sucesso da garota não seria nada se não fosse por seus dois parceiros, Tanguy “Tepr” Destable e Jean-François “GrandMarnier” Perrier. Enquanto o primeiro investe no uso de sintetizadores açucarados e que buscam referências que vão dos anos 70 aos 90, o segundo comanda as batidas e toda a percussão do trabalho. Julie Budet (esse é o nome dela) chega apenas com seus vocais e é responsável por boa parte das letras do disco, o resultado você já sabe, uma convergência deliciosa de sons e estilos difícil de ser evitada.
Ao contrário do primeiro disco, quando o resultado final despontava uma faceta mais caricata e rodeada de conotações sexuais Safari Disco Club (2011) entrega tanto letras quanto uma sonoridade muito mais elaborada, além da boa distribuição de hits ao longo de todo o trabalho. Da autointitulada faixa de abertura ao encerramento do disco com a melancólica S’eteint Le Soleil, Yelle proporciona um resultado ainda mais pegajoso e duradouro que sua estreia em 2007. Ao invés de se cercar de músicas fáceis ou de se apegar a mesma sonoridade de outrora rendendo um álbum redundante, a cantora e seus parceiros chegam de maneira conceitual.
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Assim como Katy Perry conseguiu fugir do óbvio, lançando um álbum com foco na estética Pin-Up – o ótimo Teenage Dream (2010) – a francesa escapa do básico bebendo influências da mãe África. Entretanto as inspirações na estética africana não se resumem apenas a capa do álbum ou seu título. Fica visível o quanto a percussão do trabalho ou mesmo as ambientações instrumentais (fruto do bem aplicado uso dos teclados) trazem uma aura de safári sintético e futurístico para o trabalho. Se você pensa que é o caçador no meio dessa história toda está bem enganado é Yelle quem persegue você.
Cada uma das onze faixas desse álbum são arapucas, todas muito bem boladas e ardilosas feitas exclusivamente para capturar o ouvinte. Em Que Veux-Tu, com uma sonoridade repleta de referências oitentistas e uma letra sentimental, o ritmo dançante e os vocais peculiares fisgam de maneira fácil, sendo praticamente impossível fugir de sua tramóia. Para incentivar ainda mais o clima de caçada, La Musique conta com um ritmo crescente baseado no uso excepcional de sintetizadores e de batidas construídas de maneira envolvente. De Cansei de Ser Sexy à Goldfrapp, o que não faltam são possíveis comparações, embora a garota consiga se desvincular de tudo isso e criando um som só seu.
Sexy, grudenta e perspicaz, por mais que você tente é praticamente impossível não ser atraído para dentro do jogo de Yelle. Seja escondida à espreita ou correndo armada para cima do ouvinte a fuga desse Safari Disco Club é praticamente impossível. Com o novo álbum, a artista comprova que o medo do segundo disco não é nada, rompendo não apenas qualquer amarra com seu debut, mas com qualquer rótulo que a classifique como um mero produto pop descartável. Yelle e seus parceiros estão aí com seus uniformes de caça, armados e prontos para te acertar.
Safari Disco Club (2011)
Nota: 7.5
Para quem gosta de: Cansei de Ser Sexy, Uffie e Robyn
Ouça: La Musique
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.