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Crítica

Addison Rae

: "Addison"

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Charli XCX e Oklou

Ouça: Headphones On e Aquamarine

8.2
8.2

Addison Rae: “Addison”

Ano: 2025

Selo: Columbia

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Charli XCX e Oklou

Ouça: Headphones On e Aquamarine

/ Por: Cleber Facchi 16/06/2025

E então, uma garota não pode simplesmente se divertir?”.

A pergunta lançada por Addison Rae em Money is Everything, terceira faixa de Addison (2025, Columbia), diz muito sobre tudo aquilo que a cantora e compositora norte-americana busca desenvolver no primeiro álbum de estúdio. Passagem para um território particular, o trabalho parte das experiências vividas pela artista para detalhar um repertório marcado pelos desejos mais profundos e aventuras noturnas de Rae.

Repleto de acenos para o pop de Madonna, Christina Aguilera e Britney Spears, Addison é um trabalho que estabelece sua base na produção dos anos 1990 e 2000, mas em nenhum momento deixa de dialogar com o presente. É como se a artista seguisse o caminho oposto ao da amiga Charli XCX, substituindo a urgência e os excessos explícitos em Brat (2024) por uma obra de emanações flutuantes e vozes sempre enevoadas.

A própria escolha de Diet Pepsi como primeira música do disco a ser revelada ao público, ainda em agosto do último ano, torna isso mais do que evidente. É como se a cantora seguisse em uma medida particular de tempo, proposta que vez ou outra faz lembrar o mesmo pop atmosférico de Lana Del Rey, mas em nenhum momento oculta a identidade criativa da artista, que parece totalmente interessada em hipnotizar o ouvinte.

Claro que nem todas as faixas do disco partilham do mesmo direcionamento criativo. Em Aquamarine, por exemplo, a artista não apenas se joga nas pistas, como mergulha na temática do prazer feminino a partir de uma letra carregada de metáforas sobre sexo oral. A mesma fluidez acaba se refletindo em Fame Is A Gun, uma celebração consciente sobre a fama que ainda destaca o uso das batidas e sintetizadores pegajosos.

Entretanto, é quando alcança um equilíbrio entre o lado imersivo e expansivo da obra que Rae garante ao público algumas das melhores composições do trabalho. É o caso de Headphones On, música que cheira a Madonna em Ray of Light (1998), mas em nenhum momento oculta a produção minimalista de Luka Kloser e Elvira Anderfjärd. É como um delicioso jogo de sensações que ainda se reflete em faixas como New York.

Embora consistente na maior parte do tempo e capaz de lidar com esse vasto catálogo de referências com notável identidade, algumas canções, como Summer Forever e In The Rain, mais parecem cópias baratas do pop/R&B dos anos 2000 do que peças complementares ao disco. Entretanto, mesmo com esses deslizes, a estreia de Addison revela uma artista em pleno domínio do próprio estilo, disposta a experimentar sem necessariamente perder de vista o que há de mais acessível no universo temático que tanto a influencia.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.