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Crítica

Alex G

: "Headlights"

Ano: 2025

Selo: RCA

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Elliott Smith e Car Seat Headrest

Ouça: Afterlife, June Guitar e Beam Me Up

8.5
8.5

Alex G: “Headlights”

Ano: 2025

Selo: RCA

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Elliott Smith e Car Seat Headrest

Ouça: Afterlife, June Guitar e Beam Me Up

/ Por: Cleber Facchi 23/07/2025

A mudança para uma gravadora de grande porte, a RCA, em nada parece ter prejudicado aquilo que Alex G conquistou de forma independente ao longo da última década. Exemplo disso fica bastante evidente em cada uma das canções de Headlights (2025), álbum que evidencia o refinamento estético do músico norte-americano, porém, preservando parte do estranhamento que há tempos embala as composições do artista.

A exemplo de Elliott Smith, Wilco, R.E.M. e outros tantos nomes que migraram do meio independente para uma grande gravadora, Giannascoli aproveita dos benefícios sem necessariamente corromper a própria essência. Não por acaso, o artista decidiu mais uma vez ter o multi-instrumentista Jacob Portrait, com quem já havia colaborado no álbum anterior, God Save the Animals (2022), como principal parceiro em estúdio.

O resultado desse processo está na apresentação de uma obra madura e musicalmente complexa, mas que encanta pelo estranhamento das formas instrumentais, vozes e versos. Em Afterlife, por exemplo, perceba como o uso solar de um mandolim contrasta com a sobriedade da letra que parte do recente processo de paternidade vivido pelo norte-americano para refletir sobre a passagem do tempo, morte e renascimento.

São observações atentas sobre o cenário ao redor e as inquietações que hoje invadem a mente do músico. “Algumas coisas eu faço por amor / Algumas coisas eu faço por dinheiro / Não é como se eu não quisesse / Não é como se eu estivesse acima disso”, canta em Beam Me Up, faixa que sintetiza parte dessas questões. É como um delicado exercício criativo de exposição sentimental e poética que revela o artista por completo.

Apesar da aparente moderação no trabalho dos versos, como uma manifestação da atual fase vivida pelo artista, Headlights está longe de parecer um registro acomodado. Do uso estilizado das guitarras e vozes em Bounce Boy, música que soa como uma canção perdida de Mk.gee, passando pelos temas acústicos de Oranges e pianos em Real Thing, tudo reflete o caráter exploratório do músico. A própria faixa de abertura do disco, June Guitar, soa como uma doce combinação do que há de mais característico na obra do cantor.

Mais do que um ponto de virada, Headlights funciona como o aprimoramento natural de tudo aquilo que o artista tem cultivado desde os primeiros trabalhos. Não há ruptura brusca ou tentativa de se reinventar por completo, mas um gesto consciente de depuração e ampliação de ideias já testadas em álbuns anteriores. É justamente nesse equilíbrio entre o novo e o familiar que o músico encontra seu momento mais seguro e bem resolvido, tanto em termos líricos quanto na construção de arranjos detalhistas. Um registro que não apenas reafirma o talento de Giannascoli, mas o projeta como um dos nomes mais consistentes de geração.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.