Ano: 2018
Selo: Independente
Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B
Para quem gosta de: Djonga, Don L e BK
Ouça: Bluesman, Flamingos e Me Desculpa Jay-Z
Ano: 2018
Selo: Independente
Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B
Para quem gosta de: Djonga, Don L e BK
Ouça: Bluesman, Flamingos e Me Desculpa Jay-Z
Você não precisa ir além da autointitulada música de abertura de Bluesman (2018) para entender a força do segundo álbum de estúdio de Baco Exu do Blues. Sequência ao material entregue em Esú (2017), o disco inaugurado em meio a samples de Mannish Boy, do norte-americano Muddy Waters, costura passado e presente da música negra de forma essencialmente provocativa. “Eles querem um preto com arma pra cima / Num clipe na favela gritando: ‘cocaína’ / Querem que nossa pele seja a pele do crime / Que Pantera Negra só seja um filme / Eu sou a porra do Mississipi em chamas“, rima com ferocidade, apontando a direção que orienta a experiência do ouvinte durante toda a execução da obra. São versos em que discute as conquistas do povo preto, o peso do racismo e a própria depressão, conceito que se reflete em algumas das principais faixas do disco, como Me Desculpa Jay-Z e Kanye West Da Bahia.
Um turbulento exercício criativo que não apenas preserva parte da essência do disco que o antecede, como se abre para a chegada de um time seleto de colaboradores. São nomes como Tim Bernardes, no romantismo agridoce de Queima Minha Pele; 1LUM3, na já citada Me Desculpa Jay-Z; as meninas do Tuyo, nas rimas quentes de Flamingos, além de Bibi Caetano e DKVPZ na instável Kanye West da Bahia. Canções que vão do rap do R&B, do blues ao funk de forma sempre detalhista, riqueza que se reflete para além dos versos, como na fina identidade visual do registro, com personagens negros ocupando o espaço da prata na tabela periódica, ou mesmo no premiado curta-metragem de Douglas Ratzlaff Bernardt, registro que serve de complemento ao trabalho. Instantes em que o rapper baiano preserva e ao mesmo tempo perverte tudo aquilo que vinha construindo desde os primeiros registros autorais, indicativo de uma obra que parece maior e mais complexa a cada nova audição. Baco vive! Baco vive!
Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.