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Crítica

Band of Horses

: "Things Are Great"

Ano: 2022

Selo: BMG

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Shins e Death Cab for Cutie

Ouça: In Need of Repair e Crutch

7.5
7.5

Band of Horses: “Things Are Great”

Ano: 2022

Selo: BMG

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Shins e Death Cab for Cutie

Ouça: In Need of Repair e Crutch

/ Por: Cleber Facchi 23/03/2022

Com o lançamento de Why Are You OK (2016), álbum que contou com a produção do experiente Jason Lytle (Grandaddy), Ben Bridwell mais uma vez confirmou a relevância artística do Band of Horses. Entretanto, é com a chegada de Things Are Great (2022, BMG), sexto e mais recente trabalho de estúdio do grupo completo pelos músicos Ryan Monroe, Creighton Barrett, Matt Gentling e Ian MacDougall, que a banda original de Seattle não apenas resgata a essência melódica dos introdutórios Everything All the Time (2006) e Cease to Begin (2007), como revela ao público uma sequência de ótimas composições.

Do momento em que tem início, nas guitarras timbrísticas e vozes cuidadosamente encaixadas de Warning Signs, cada fragmento do disco perece trabalhado de forma a preservar a essência do grupo norte-americano, porém, utilizando de pequenos acréscimos e novas possibilidades dentro de estúdio. Parte desse resultado vem do esforço de Birdwell em estreitar a relação com diferentes colaboradores ao longo da obra. Da inserção de novos instrumentistas à produção minuciosa de Wolfgang Zimmerman, tudo parece pensado para tensionar a experiência da banda durante o processo de gravação do material.

O resultado desse processo está na entrega de um registro equilibrado. São canções que preservam o mesmo refinamento explícito nos primeiros trabalhos da banda, porém, partindo de uma abordagem ainda mais acessível, pop. Não por acaso, Birdwell fez de Crutch a primeira composição do álbum a ser apresentada ao público. São pouco mais de três minutos em que o artista se concentra na formação de guitarras urgentes que se completam pela leveza do sintetizadores, efeito direto da interferência de Dave Fridmann (The Flaming Lips, Mercury Rev), multi-instrumentista que ainda assume a co-produção do disco.

Mesmo adornado pela inserção de faixas que parecem pensadas para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, Things Are Great em nenhum momento se distancia da produção de músicas que refletem o lado melancólico da banda. E isso fica bem representado na sequência formada por In The Hard Times e a dolorosa In Need of Repair. São canções em que Birdwell desacelera consideravelmente, porém, preservando o refinamento dado aos arranjos e versos. “Você está lidando com um dilema / E ficando sem ar / Mas segurando tudo junto / Com um pedaço de fita, precisando de reparo“, canta.

Esse esmero dado ao disco orienta a experiência do ouvinte até o fechamento do trabalho. Livre de possíveis excessos, o grupo faz de cada composição um objeto precioso. São canções que partem de uma abordagem tradicional, porém, crescem em meio a incontáveis camadas de sintetizadores, vozes em coro e instrumentos ocasionais. Exemplo disso fica bastante evidente em You Are Nice To Me. São pouco menos de quatro minutos em que Birdwell captura a atenção do ouvinte pela riqueza dos detalhes e minuciosa inserção dos elementos, estrutura que se completa pela chegada da Coalinga, faixa que encerra o álbum.

Consistente durante toda a execução, Things Are Great acaba se revelando como o trabalho mais completo do Band of Horses desde a sequência de obras que apresentaram o grupo na segunda metade dos 2000. Mesmo que parte expressiva do material utilize de uma série de conceitos originalmente testados em outros registros, difícil não se deixar conduzir pelo repertório entregue por Birdwell. São composições marcadas em essência pela força dos sentimentos, angústias e relacionamentos fracassados, como uma combinação do que existe de melhor e mais doloroso e acolhedor no som produzido pela banda.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.