Ano: 2025
Selo: YB Music
Gênero: MPB, Rock
Para quem gosta de: Negro Leo e Thiago Nassif
Ouça: Coração Preto e Dandara
Ano: 2025
Selo: YB Music
Gênero: MPB, Rock
Para quem gosta de: Negro Leo e Thiago Nassif
Ouça: Coração Preto e Dandara
A cada nova composição, uma proposta criativa diferente. Assim é o trabalho de Beto em Matriz Infinita do Sonho (2025, YB Music). Nascido do esforço do multiartista pernambucano em resgatar antigos poemas e construções melódicas dos próprios arquivos, o disco, montado em parceria com Negro Leo e o coprodutor Rafa Prestes, destaca o esforço do músico em se desafiar sem necessariamente romper laços com o ouvinte.
A própria escolha de Coração Preto como composição de abertura do registro torna isso bastante explícito. Enquanto os versos destacam o lirismo romântico do artista, guitarras assumidas por Pedrinhu Junqueira e Thiago Nassif invadem a música de forma ruidosa, tensionando a experiência do ouvinte. Um contrastante jogo de sensações, ritmos e vozes, direcionamento que embala o trabalho até a chegada da última canção.
Claro que isso não interfere na entrega de músicas deliciosamente acessíveis, capazes de grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição do álbum. É o caso de Pedra Verde, faixa que bebe do samba de roda e se distancia de possíveis excessos para destacar o uso das vozes. O mesmo pode ser percebido em Yara do Mar, misto de declaração de amor e louvação que revela o diálogo de Beto com a canção popular.
Entretanto, é quando alcança um ponto de equilíbrio entre esses dois extremos da obra que Beto garante ao público algumas das melhores músicas do disco. É o caso de Dandara, parceria com Junio Barreto, que parte de uma abordagem descomplicada, porém, se deixa invadir por momentos de maior experimentação e abre passagem para a posterior Brinquedo, canção que, mais uma vez, valoriza a poesia dentro do disco.
Uma vez acomodado nesse cenário marcado pelas possibilidades, Beto aproveita para estreitar laços com diferentes parceiros criativos. Além de Barreto, quem também contribuiu na composição dos versos foi o ator Matheus Nachtergaele, parceiro do artista em Valsinha. Surgem ainda nomes como Vitor Araújo, dono dos pianos na derradeira Never Die, música que se engrandece pelas vozes intensas da conterrânea Una.
Ainda que o resultado final evidencie a inventividade de Beto e o cuidado na construção de um repertório tão diverso, Matriz Infinita do Sonho parece mais interessado em sugerir caminhos do que em desenvolvê-los por completo. Canções como Marx Mellow e Peixa, por exemplo, soam menos como faixas finalizadas e mais como esboços de ideias. Isso, no entanto, não diminui o valor do álbum, que se sustenta justamente na liberdade criativa e na forma como o artista organiza suas inquietações poéticas de maneira instigante.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.