Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Boogarins e Hoovaranas
Ouça: NEU!A, Sucuri e Noise Meditations
Ano: 2025
Selo: Independente
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Boogarins e Hoovaranas
Ouça: NEU!A, Sucuri e Noise Meditations
Você não precisa ir além do título para entender a proposta do Bike no ruidoso Noise Meditations (2025). Utilizando de texturas, ambientações drone e guitarras carregadas de efeitos, o grupo formado por Júlio Cavalcante (voz e guitarra), Diego Xavier (voz e guitarra), Daniel Fumega (bateria) e Gil Mosolino (baixo), busca proporcionar ao ouvinte um repertório de acabamento hipnótico, concebido para meditar no caos.
E eles conseguiram. Em um intervalo de dez faixas, todas geradas a partir de sessões de improvisos entre os membros da banda, somos convidados a mergulhar em um ambiente de formas flutuantes e momentos de maior contemplação. Entretanto, não espere pela calmaria. Em Noise Meditations, o transe chega pelo atrito das cordas, distorções e bases rítmicas que confessam algumas das principais referências do grupo.
Enquanto as guitarras, sempre intransponíveis e sujas, apontam para a obra do Sonic Youth, a fluidez das batidas conduz o ouvinte diretamente para o trabalho de veteranos do krautrock. Prova disso é a explícita referência aos alemães do Neu!, em NEU!A, música, que mesmo orientada pela psicodelia rítmica do grupo de Düsseldorf, em nenhum momento extingue a identidade criativa do quarteto de São José dos Campos.
Não se trata de algo exatamente novo, afinal, muitos dos elementos incorporados em Noise Meditations já foram testados pelo Bike nos dois discos anteriores, Quarto Templo (2019) e, principalmente, Arte Bruta (2023). A diferença está na forma como a banda equilibra a fluidez dos arranjos e batidas com um amplo catálogo de texturas granuladas e bases ruidosas que destacam o experimentalismo e a ousadia do grupo.
Pena que esse mesmo capricho na elaboração dos arranjos, como em Sucuri e na potente faixa-título, não seja replicado nos versos. A proposta em investir em letras curtas, como mantras que grudam na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, é bastante consistente com a abordagem meditativa do disco, porém a simplicidade excessiva e o uso dos vocais encaixados sem qualquer refinamento não convencem.
Ainda assim, o direcionamento rítmico e a força avassaladora das guitarras fazem de Noise Meditations um disco quase inescapável. Desde Em Busca da Viagem Eterna (2017) que o quarteto paulista não parecia tão entrosado. É como se cada integrante suprisse musicalmente as carências dos demais membros, proposta que reforça o dinamismo do álbum, com cada nova faixa abrindo passagem para a composição seguinte.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.