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Crítica

Candy Mel

: "5 Estrelas"

Ano: 2025

Selo: Let's Gig

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Pabllo Vittar e Rachel Reis

Ouça: Corpo Nu, Mil e Uma Noites e Estrela

7.5
7.5

Candy Mel: “5 Estrelas”

Ano: 2025

Selo: Let's Gig

Gênero: Pop

Para quem gosta de: Pabllo Vittar e Rachel Reis

Ouça: Corpo Nu, Mil e Uma Noites e Estrela

/ Por: Cleber Facchi 08/07/2025

Durante mais de uma década, a imagem de Candy Mel, mesmo nos momentos de maior vulnerabilidade e entrega emocional, sempre esteve fortemente atrelada ao humor que orientava o som da cantora na Banda Uó, projeto que comandou em parceria com Mateus Carrilho e Davi Sabbag. Entretanto, é com a chegada de 5 Estrelas (2025, Let’s Gig), primeiro trabalho em carreira solo, que a artista goiana se revela por completo.

Com produção assinada em parceria por Nave (Emicida, Karol Conká) e Fejuca (Liniker, Xênia França), 5 Estrelas é Mel em sua essência. São composições que partem do quintal de casa, em Goiás, onde a artista cresceu, para se aventurar pelo sertanejo romântico, o brega, a música de terreiro e a MPB em sua forma mais elevada. Diferentes interpretações criativas de uma cantora que sempre jogou com as possibilidades.

Embora trilhe um caminho diverso, 5 Estrelas em nenhum momento se afasta da canção popular e do doce romantismo que parece sintonizado em uma estação de rádio do interior. Não por acaso, Mel fez de Corpo Nu a primeira canção do trabalho a ser revelada ao público. Do saxofone safado ao teclado de cabaré, das batidas do brega funk ao enquadramento da voz, tudo parece pensado para seduzir e ambientar o ouvinte.

Uma vez imerso nesse cenário de temperaturas elevadas, aromas e sensações fortes, difícil querer escapar. Enquanto composições como Elixir celebram os desejos da artista goiana, outras, como Estrela, destacam a densidade emocional que sempre pareceu abafada nos discos da cantora com a Banda Uó. E ela não chega desacompanhada. A cada curva do trabalho, há sempre um precioso parceiro criativo esperando por Mel.

Em Tanto Pra Dar, é Rico Dalasam que chega para complementar a canção com suas rimas intimistas. Já em Benditas, no fechamento do álbum, MC Tha acrescenta um toque religioso à faixa que celebra o feminino em suas diferentes formas. Nada que prepare o ouvinte para Mil e Uma Noites, composição que cheira a Gal Costa e cresce na presença de Liniker. Claro que nem todos esses encontros funcionam, como Jup do Bairro, que surge de maneira descompassada em Açúcar e Sal, com as vozes escanteadas pela produção.

Ainda que 5 Estrelas não apresente nada de substancialmente novo e assuma suas referências com notável clareza, o que a artista propõe é uma reverência sem parecer satírica ou caricata. Diferente da ironia pop que marcava o trabalho da cantora com a Banda Uó, aqui percebemos a entrega, afeto e um desejo genuíno de celebrar a tradição da música popular. É justamente nesse mergulho emocional e estético que o registro se destaca. Livre de rupturas, Mel abre caminho para uma obra profundamente conectada às suas raízes.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.