Ano: 2025
Selo: Rough Trade
Gênero: Indie, Pós-Rock
Para quem gosta de: Black Country, New Road
Ouça: Tell Me I Never Knew That e Total Euphoria
Ano: 2025
Selo: Rough Trade
Gênero: Indie, Pós-Rock
Para quem gosta de: Black Country, New Road
Ouça: Tell Me I Never Knew That e Total Euphoria
Desde o fim da década passada, o Reino Unido vive um período de intensa movimentação criativa, com o surgimento de diferentes coletivos de artistas inclinados à colaboração como forma de desconstrução de antigas estruturas sonoras. São nomes como Black Country, New Road, Squid e, o hoje extinto, Black Midi, que levaram a cena inglesa para um campo de intensa experimentação e busca por novas possibilidades.
Parte importante desse mesmo universo criativo, os integrantes do Caroline alcançam um novo estágio de criação colaborativa ao revelar o segundo e mais recente álbum de estúdio da carreira, Caroline 2 (2025, Rough Trade). Marcado pela sobreposição de estilos, ruídos e manipulações vocais que tendem ao etéreo, o trabalho destaca o esforço do coletivo britânico em utilizar de uma abordagem cada vez mais abstrata.
A própria escolha de Total Euphoria como música de abertura do trabalho torna isso ainda mais evidente. São pouco mais de quatro minutos em que o coletivo parte de um direcionamento tradicional, detalhando camadas de guitarras e vozes limpas, mas que logo se completam pelo atravessamento de informações e distorções que deixam o ouvinte em suspenso, vagando em um delirante labirinto instrumental e poético.
E isso é só o começo. Dado o primeiro passo dentro do disco, cada nova composição parece apontar para um território criativo completamente distinto. Os timbres, posicionamento das vozes e arranjos até criam uma sensação de familiaridade, mas é na ausência de certeza que o grupo faz a mágica acontecer. Tudo é muito cuidadoso e discreto, como um artifício sutil para sermos lentamente tragados por faixas colossais.
Da massa disforme que se revela em Two Riders Down, soando como uma canção perdida do Godspeed You! Black Emperor, passando pelos diferentes caminhos percorridos em Coldplay Cover, há sempre um elemento de ruptura e fascínio. Mesmo quando tende ao pop, como na faixa Tell Me I Never Knew That, inusitada colaboração com a cantora e compositora Caroline Polachek, o grupo nunca sucumbe ao óbvio.
É como um espaço aberto às possibilidades, proposta que vez ou outra esbarra em composições que mais parecem preparativos para algo maior, como Song Two e U R Ur Only Aching, com suas vozes carregadas de efeitos, mas que incorporam com maestria a lógica torta do disco. Mais do que uma seleção de faixas, Caroline 2 soa como um organismo em constante mutação, onde cada fragmento sonoro, mesmo o mais discreto deles, funciona como peça substancial do enigmático repertório proposto pela banda inglesa.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.