Ano: 2024
Selo: Dead Oceans
Gênero: Rock
Para quem gosta de: The Weather Station e Hand Habits
Ouça: Only One, Omakase e Clams Casino
Ano: 2024
Selo: Dead Oceans
Gênero: Rock
Para quem gosta de: The Weather Station e Hand Habits
Ouça: Only One, Omakase e Clams Casino
Com o lançamento de An Overview on Phenomenal Nature (2021), Cassandra Jenkins, que já contava com o introdutório Play Till You Win (2017), elevou ainda mais o nível da própria criação. Satisfatório perceber em My Light, My Destroyer (2024, Dead Oceans) um trabalho que não apenas preserva, como potencializa esse mesmo resultado. Da aplicação das vozes ao refinamento dado aos arranjos, cada mínimo fragmento do registro destaca a força criativa, entrega e sensibilidade no processo de criação adotado pela musicista.
Tendo na temática cósmica um importante componente de condução para o trabalho, Jenkins parte desse olhar para o universo ao redor como forma de refletir sobre a própria solidão, medos e inseguranças. “Eu não quero mais rir sozinha“, canta na enérgica Clams Casino, música que soa como uma canção perdida do Wilco, efeito direto do uso destacado da guitarra, porém, ainda íntima de tudo aquilo que a cantora e compositora nova-iorquina tem incorporado dentro e fora de estúdio desde o início da década passada.
São criações sempre contrastantes, como se para cada momento de maior inquietação, Jenkins logo em seguida mergulhasse na formação de um material profundamente contemplativo. Não por acaso, após a entrega Clams Casino, somos agraciados com Delphinium Blue, música que partilha dos mesmos versos semi-declamados de canções como Hard Drive, porém, partindo de uma abordagem diferente, ainda mais atmosférica, proposta que ora evoca a trilha sonora de Ghost In The Shell, ora faz lembrar da obra de Enya.
Vem justamente desses momentos de maior imersão a passagem para algumas das melhores canções do disco. É o caso de Omakase. Enquanto os versos destacam a força avassaladora de um novo amor (“Meu amante / Minha luz / Meu destruidor / Meu meteorito“), arranjos sempre meticulosos ganham forma em uma medida particular de tempo. São guitarras cristalinas e metais que soam como uma extensão talvez copiosa do registro anterior, porém, partindo de um refinamento estético ainda maior na obra de Jenkins.
Escolhida como primeira composição do trabalho a ser revelada ao público, Only One talvez seja a melhor representação desse resultado. São pouco mais de três minutos em que Jenkins confessa sentimentos em uma base sempre detalhista. Pinceladas instrumentais e poéticas que escorrem por toda a execução do registro. Nada que prejudique a entrega de canções uma pouco mais diretas, como Petco, música que mais uma vez posiciona as guitarras distorcidas em primeiro plano, detalhando uma contrastante base ruidosa.
Delicado e áspero na mesma proporção, My Light, My Destroyer destaca o equilíbrio criativo e capacidade da musicista em surpreender o ouvinte mesmo imersa em um território intimamente conectado ao material entregue no antecessor An Overview on Phenomenal Nature. Partindo de canções que bebem da mesma fonte, Jenkins encontra no passeio pelo cosmos um sutil elemento de transformação, proposta que faz do registro a consolidação de uma obra marcada pelo conforto, mas em nenhum momento desinteressante.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.