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Crítica

CHAI

: "CHAI"

Ano: 2023

Selo: Sub Pop

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Yaeji e Cansei de Ser Sexy

Ouça: Para Para e Neo Kawaii, K?

7.5
7.5

CHAI: “CHAI”

Ano: 2023

Selo: Sub Pop

Gênero: Pop Rock

Para quem gosta de: Yaeji e Cansei de Ser Sexy

Ouça: Para Para e Neo Kawaii, K?

/ Por: Cleber Facchi 13/12/2023

Sem exceção, os discos das meninas do CHAI são uma verdadeira festa. Quarto e mais recente trabalho de estúdio da banda, o álbum autointitulado que chega pela Sub Pop não poderia ser diferente. Logo de cara, na colorida Matcha, um coro de vozes se completa pelo uso dos sintetizadores e batidas cuidadosamente encaixadas, como um preparativo natural para o que ainda está por vir. Nada que From 1992, vinda logo em sequência, com sua base funkeada e batidas cada vez mais destacadas não dê conta de consolidar, reforçando a atmosfera dançante e frescor que orienta a experiência do ouvinte até os momentos finais.

Diferente do material revelado no disco anterior, Wink (2021), onde havia um claro interesse do quarteto japonês em incorporar elementos de R&B/rap, o presente álbum destaca a relação com as pistas e o tipo de som produzido entre os anos 1980 e 1990. Exemplo disso fica mais do que evidente em Para Para, faixa que atualiza uma série de componentes bastante característicos do city pop, importante fonte de inspiração para o repertório do novo registro. O mesmo direcionamento fica ainda mais evidente com a chegada de Game, composição que evoca nomes como Tom Tom Club, porém, preservando a identidade do grupo.

Embora parta de uma abordagem essencialmente dançante, reforçando a direção percorrida pelo grupo ao longo do material, não são poucos os momentos em que Mana, Kana, Yuuki e Yuna trazem de volta o mesmo aspecto provocativo e relação com o rock presente nos discos anteriores. Exemplo disso pode ser percebido em We The Female, faixa que destaca o lirismo feminista que há tempos embala as criações da banda, vide registros como o intenso Punk (2019). A própria Neo Kawaii, K?, mesmo dotada de uma leveza única, partilha de uma série de elementos próprios do quarteto, vide o maior destaque dado às guitarras.

Ainda assim, para cada nova faixa que reforça o lado “raivoso” do grupo, há duas ou mais canções que servem de passagem para as pistas. I Can’t Organizeeee, com seus sintetizadores e batidas detalhistas é uma delas. São pouco menos de três minutos que a banda parece jogar com os instantes, brincando com a sobreposição de estilos e diferentes andamentos rítmicos. O mesmo se percebe na composição seguinte, Driving22, música que posiciona os sintetizadores em primeiro plano, lembrando uma criação perdida do Toro Y Moi, mas que sustenta na fluidez e tratamento dado aos vocais uma formatação típica do quarteto.

Por se tratar de uma obra que gira em torno de um universo criativo bastante particular, o quarto registro de inéditas do CHAI tem lá seus tropeços. Salve momentos de evidente agitação política e instrumental, parte expressiva das canções ecoam de forma bastante similar, resultando em um repertório de essência escapista e marcado por pequenas repetições estruturais. Posicionada próxima ao encerramento do disco, Like, I Need é um bom exemplo disso. Do uso das vozes ao tratamento dado aos arranjos, não há nada de necessariamente novo dentro da faixa que repete elementos previamente testados ao longo do trabalho.

Mesmo pontuado por pequenas repetições estilísticas, o registro ainda reserva ao público algumas boas surpresas. Composição de encerramento do disco, Karaoke talvez seja a principal representação desse resultado. Sem necessariamente romper com o caráter dançante que embala o disco, o grupo deixa de olhar com nostalgia para o passado e passa a dialogar com o presente. O resultado desse processo está na entrega de uma canção que preserva de maneira explícita a essência do quarteto, passa a incorporar elementos de reggaeton e mostra que o CHAI ainda tem muito a oferecer em seus futuros lançamentos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.