Image
Crítica

Chance The Rapper

: "Star Line"

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Saba e Isaiah Rashad

Ouça: No More Old Men e The Highs & The Lows

6.5
6.5

Chance The Rapper: “Star Line”

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Rap

Para quem gosta de: Saba e Isaiah Rashad

Ouça: No More Old Men e The Highs & The Lows

/ Por: Cleber Facchi 25/08/2025

A escolha de Chance The Rapper em, mais uma vez, recrutar o artista visual Brandon Breaux para ilustrar a imagem de capa de Star Line (2025, Independente), segundo álbum de estúdio do norte-americano, não se dá por acaso. Parceiro em discos como 10 Day (2012), Acid Rap (2013) e Coloring Book (2016), Breaux é apenas mais um dos inúmeros sinais que evidenciam a tentativa do rapper em revisitar o próprio passado.

E não poderia ser diferente. Depois do balde de água fria que foi o lançamento de The Big Day (2019), obra que contou com forte rejeição do público e da imprensa especializada, além de desencadear uma série de batalhas judiciais envolvendo o ex-empresário do artista, Pat Corcoran, Chance precisava se reorganizar de alguma forma, proposta que embala o desenvolvimento de Star Line durante toda a execução do trabalho.

Além de resgatar velhos colaboradores, como Vic Mensa, em Back to the Go, e Jamila Woods, na excelente No More Old Men, parte da atmosfera e temas instrumentais incorporados ao longo do material parecem saídos diretamente do repertório de Acid Rap e Coloring Book. São composições que partem do rap para se aprofundar em elementos de música gospel, R&B e neo-soul, marca do repertório do artista de Chicago.

Mesmo a escolha das temáticas pouco avança significativamente quando comparada aos antigos discos do rapper. Em geral, são canções que orbitam questões sentimentais, religiosas e comunitárias, reforçando a imagem de bom moço do artista. É como se Chance The Rapper emulasse ele mesmo, proposta que talvez agrade aos mais nostálgicos, mas em nenhum momento parece realmente capaz de surpreender o ouvinte.

Embora previsível e estruturalmente entregue ao conforto, Star Line garante ao público boas composições. É o caso de The Highs & the Lows, encontro com Joey Bada$$ em que trata sobre os momentos de triunfo e dificuldade de maneira bastante honesta. Já em Burn Ya Block, são as batidas carregadas que chamam a atenção, rompendo com o direcionamento apontado pelo artista logo nos primeiros minutos de Star Line.

Ainda que revele lampejos de frescor em faixas específicas, Star Line soa mais como um registro pensado para reparar a imagem do rapper do que em explorar diferentes caminhos criativos. Ao reciclar fórmulas, colaboradores e discursos já testados em outras fases da própria carreira, Chance The Rapper entrega um álbum seguro, mas pouco inventivo, como quem prefere reorganizar as peças do que arriscar nova jogada.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.