Ano: 2024
Selo: Lucky Number
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Bully e Soccer Mommy
Ouça: Waiting For You e Calling You Out
Ano: 2024
Selo: Lucky Number
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Bully e Soccer Mommy
Ouça: Waiting For You e Calling You Out
Desde o início da carreira, o Charly Bliss sempre funcionou como um jogo de forças, com a banda formada por Eva Hendricks, Spencer Fox, Sam Hendricks e Dan Shure equilibrando suas composições entre o rock e o pop. Enquanto o introdutório Guppy (2017) destacava a crueza das guitarras, com o lançamento seguinte, Young Enough (2019), o quarteto passou a provar de uma sonoridade cada vez mais acessível, conceito que volta a se repetir de maneira ainda mais explícita nas canções do melódico Forever (2024, Lucky Number).
Do momento em que tem início, na bateria eletrônica e sintetizadores coloridos de Tragic, composição que parece saída da década de 1980, evidente é o esforço da banda em dialogar com uma parcela ainda maior do público. E como eles fazem isso bem. São canções marcadas por uma estrutura progressiva, com vozes e arranjos altamente pegajosos, como se pensados para explodir nos minutos finais. É como uma soma e simplificação de tudo aquilo que o quarteto havia testado criativamente nos dois lançamentos anteriores.
Exemplo mais representativo disso pode ser percebido em Waiting For You. Enquanto os versos destacam a forte carga emocional e doce romantismo de Hendricks (“Quando penso em nós, fica tão alto / Sim, porque eu sei agora / Eu sempre estive esperando por você“), sintetizadores e guitarras se entrelaçam de maneira mágica, sempre acompanhados pela bateria que encolhe e cresce a todo instante. São pouco mais de dois minutos em que o quarteto mostra como seria um disco de Carly Rae Jepsen ou Lorde orientado ao rock.
Entretanto, muito se engana quem pensa que essa busca por um repertório cada vez mais radiofônico seja capaz de distanciar o grupo por completo do repertório sujo de Guppy. Sexta faixa do disco, I’m Not Dead funciona como uma boa representação desse resultado, destacando o uso ruidoso das guitarras durante toda a execução da faixa. O mesmo acontece em Calling You Out, um rock despretensioso que faz lembrar a trilha explorada pelo HAIM em Days Are Gone (2013), efeito da similaridade com faixas como The Wire.
Sobrevive justamente nessa capacidade da banda em equilibrar canções barulhentas com faixas voltadas ao pop o grande charme do repertório de Forever. Mais do que isso, o registro que tem produção assinada em conjunto por Sam Hendricks, Jake Luppen e Caleb Wright talvez seja o trabalho em que o quarteto nova-iorquino mais se permite avançar criativamente, como na faixa Nineteen, com seus metais e arranjos transcendentais, e no maior diálogo com a música eletrônica, marca de composições como Last First Kiss.
Claro que isso tem lá seus riscos, como nos momentos em que o grupo busca se aventurar na elaboração de canções com acabamento acústico. São faixas como Easy To Love You e In Your Bad que, embora bem desenvolvidas, soam como incompletas quando próximas de outras composições ao longo do material. É como se o Charly Bliss preparasse o terreno para uma nova fase na carreira, preservando traços poéticos e instrumentais dos antigos trabalhos da banda e deixando o caminho aberto para o que ainda está por vir.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.