Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Art Pop
Para quem gosta de: Julia Holter e Diamanda Galás
Ouça: Megaloner, Truth e Canopy of Eden
Ano: 2025
Selo: Matador
Gênero: Art Pop
Para quem gosta de: Julia Holter e Diamanda Galás
Ouça: Megaloner, Truth e Canopy of Eden
O ambiente torto que ilustra a imagem de capa de Halo On The Inside (2025, Matador) ajuda a entender o tipo de som explorado por Haley Fohr no mais recente álbum de estúdio como Circuit des Yeux. Enquanto as vozes densas posicionam a artista no centro do trabalho, destacando os temas emocionais do registro, batidas carregadas e arranjos irregulares jogam com a experiência do ouvinte do início ao fim do material.
Fortemente influenciado pela música industrial, Halo On The Inside diz a que veio logo na composição de abertura, Megaloner. São pouco mais de quatro minutos em que Fohr apresenta parte das regras e temas que serão explorados ao longo do trabalho. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais potente em Canopy of Eden, intensa criação que evoca nomes como Depeche Mode e Nine Inch Nails.
Menos urgente do que a canção que a antecede, porém, tão fascinante quanto, Skeleton Key leva o trabalho para outras direções, soando como um encontro entre Scott Walker e ANOHNI corrompido pelo uso teatral das guitarras. A partir desse ponto, Halo On The Inside vai ficando cada vez mais sombrio, direcionamento reforçado pelas distorções, texturas e vozes carregadas que invadem todos os espaços de Anthem of Me.
São instantes de calmaria e caos, como uma interpretação ainda mais interessante daquilo que Fohr havia testado em -io (2021). A própria Cosmic Joke, com seus versos marcados pela força das emoções, parece saída diretamente do disco lançado há quatro anos, porém, potencializada pela atmosfera de Halo On The Inside. Mesmo quando cria alguns desvios, como na melódica Cathexis, a cantora nunca deixa de encantar.
Nada que prepare o ouvinte para o que se apresenta em Truth. Com as batidas em primeiro plano, a faixa não apenas leva o disco para outras direções, estreitando laços com as pistas, com ainda destaca a sempre caprichada produção de Andrew Broder. Exemplo disso fica ainda mais evidente com a chegada de Organ Bed, composição que começa pequena, avança aos poucos e cresce de maneira totalmente descomunal.
Não por acaso, passado esse momento de maior grandeza, Fohr encaminha o registro para o encerramento. Talvez minimalista em excesso e até anticlimática quando próxima de outras canções grandiosas reveladas ao longo do disco, It Takes My Pain Away cumpre com excelência não somente a função de pontuar a obra, mas de manter a artista sempre no controle da situação, manipulando o ouvinte do início ao fim do álbum.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.