Ano: 2025
Selo: Submundo 808
Gênero: Eletrônica, Funk
Para quem gosta de: DJ K e MU540
Ouça: Sem Moralismo e Dona Brisa
Ano: 2025
Selo: Submundo 808
Gênero: Eletrônica, Funk
Para quem gosta de: DJ K e MU540
Ouça: Sem Moralismo e Dona Brisa
Menos de um ano após o lançamento do último álbum de estúdio, D.Silvestre retorna ainda mais inventivo com O Que As Mulheres Querem (2025, Submundo 808). E se no autointitulado disco entregue há poucos meses o rondoniense radicado em São Paulo se articulava de maneira quase intuitiva, combinando batidas e bases altamente distorcidas, com o presente repertório fica evidente a atenção do produtor aos detalhes.
Ainda que não siga exatamente uma abordagem progressiva, tratando cada composição de forma isolada, nítido é o esforço do artista em manter a coerência do material. Da escolha dos timbres ao tratamento dos graves, sempre distorcidos, densos e, por vezes, brutais, perceba como D.Silvestre faz com que tudo orbite um mesmo universo criativo, orientando parte expressiva das nove faixas do registro em direção às pistas.
Exemplo disso pode ser percebido no que talvez seja a principal composição do trabalho, Sem Moralismo. Enquanto Bia Soull detalha versos marcados pelo erotismo, lembrando a ainda recente colaboração com MU540, em Pompoarismo, D.Silvestre deixa as distorções em segundo plano para destacar as batidas que atravessam o baile funk e, sem perder a própria identidade, se aventuram com minúcia pelo techno/house.
Claro que isso não interfere na entrega de faixas ainda íntimas dos antigos trabalhos do artista. É o caso de A Sacanagem Começou, música que reduz as batidas a uma virada breve de funk tamborzão, destacando o uso do grave altamente distorcido, o tuim ocasional e as vozes sobrepostas que se espalham em uma cama minimalista. É como um campo permanentemente aberto aos experimentos sujos do produtor rondoniense.
Embora parta de uma abordagem mais exploratória, revelando canções como as sombrias Olha o Tamanho Dessa Onda e Corredinois, o produtor nunca perde o bom humor. Oitava música do disco, Dona Brisa talvez seja o exemplo máximo disso. Enquanto a letra da composição corrompe o clássico infantil A Dona Aranha, D.Silvestre mais uma vez estreita laços com as pistas, conceito que segue até a derradeira Passa por Cima.
Por mais instigante que seja o processo de colagem e manipulação ruidosa que atravessa parte do trabalho, O Que As Mulheres Querem eventualmente tropeça em faixas que soam menos como declarações artísticas do produtor e mais como esboços. OQAMQ, em especial, parece testar os limites do reducionismo, beirando o inacabado. Ainda assim, é nesse contraste entre forma e fragmento que D. Silvestre encontra espaço para expandir sua linguagem, reafirmando um método que, mesmo instável, permanece fértil e provocativo.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.