Ano: 2025
Selo: Dobra Discos
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Luli Braga e Jadsa
Ouça: Escárnio, Corpo Quente e Not In Luv
Ano: 2025
Selo: Dobra Discos
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Luli Braga e Jadsa
Ouça: Escárnio, Corpo Quente e Not In Luv
Sinal Vermelho Vidro Preto (2025, Dobra Discos) é uma obra intensa. Estreia do grupo amazonense D’Água Negra, o trabalho transita por diferentes estilos, temáticas e referências enquanto destaca o uso das vozes do trio formado por Bruno Belchior, Clariana Arruda e Melka Franco. São dez composições que confessam sentimentos em uma experiência poética que soa como um convite a se perder em uma aventura noturna.
Com A Falta como música de abertura, o grupo, sempre em companhia do produtor Daniel Brita, apresenta parte dos elementos que serão explorados ao longo do disco. Enquanto os versos revelam desejos ocultos, arranjos fluidos vão da música brasileira ao jazz, porém, preservando a intensa relação com o pop. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais interessante em Escárnio, faixa de versos amargos e instrumentação complexa, por vezes íntima da produção eletrônica, ampliando os horizontes do registro.
Minutos à frente, em Not In Luv, versos bilíngues se entrelaçam em meio a arranjos sofisticados e instantes de maior vulnerabilidade. “Quando eu não tô apaixonado a vida perde o sentido”, confessa Belchior. Tudo é tão cuidadoso e inebriante que nem nos damos conta quando somos mergulhados na faixa-título do disco, um poema breve, porém essencial para entender a narrativa sentimental que orienta o trabalho da banda.
Escolhida para encerrar a primeira metade do trabalho, Vinho Tinto fascina pela atmosfera, porém acaba se revelando como uma canção menos complexa, livre da versatilidade que marca os minutos iniciais da obra. Essa mesma abordagem regular e excessivamente dramática acaba se refletindo na canção seguinte, Garganta, música de avanço lento, por vezes arrastada, mas que reforça o refinamento dos arranjos e vozes.
Passado esse momento de maior desconforto, Rua Sem Saída leva o disco para outras direções, destacando o experimentalismo do trio. Mais do que uma curva breve, a canção ainda abre passagem para a chegada de Corpo Quente. Mesmo velha conhecida da banda, a faixa ganha novo significado ao ser observada como parte do trabalho, resgatando o dinamismo e rica combinação de estilos que marca a abertura do registro.
Tudo é tão potente que a também bilíngue Underwater Love, vinda em sequência, acaba passando quase despercebida. Nada que a derradeira Cangote não dê conta de solucionar. Mesmo livre da mesma riqueza instrumental que orienta o disco, a faixa convence pela letra libertadora que gruda logo em uma primeira audição. Um fechamento talvez simples, porém efetivo, após a intensa jornada emocional proposta pelo trio.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.