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Crítica

Deftones

: "Private Music"

Ano: 2025

Selo: Reprise / Warner

Gênero: Rock

Para quem gosta de: The Smashing Pumpkins e Hum

Ouça: Milk of The Madonna e Infinite Source

7.8
7.8

Deftones: “Private Music”

Ano: 2025

Selo: Reprise / Warner

Gênero: Rock

Para quem gosta de: The Smashing Pumpkins e Hum

Ouça: Milk of The Madonna e Infinite Source

/ Por: Cleber Facchi 27/08/2025

Fenômeno no TikTok e redescoberto por uma nova geração de ouvintes, o Deftones vive hoje uma de suas melhores fases na carreira. Entretanto, longe de simplesmente surfar em uma onda de uma nostalgia não vivenciada que tem garantido à banda uma série de apresentações lotadas, o grupo californiano mantém firme a boa forma, postura reforçada com o lançamento do álbum Private Music (2025, Reprise / Warner).

Primeiro registro de inéditas da banda de Sacramento em cinco anos, o sucessor de Ohms (2020) deixa de lado a atmosfera densa do álbum que o antecede para destacar o que há de mais característico no som do grupo. São canções que transitam por entre momentos de calmaria e fúria, equilibrando texturas ruidosas com bases melódicas, como um regresso ao material explorado pelo Deftones no início da década passada.

Não por acaso, para a realização de Private Music, Chino Moreno e seus companheiros de banda mais uma vez recrutaram o produtor Nick Raskulinecz. Parceiro do grupo em obras como Diamond Eyes (2010) e Koi No Yokan (2012), o músico auxilia o Deftones na elaboração desse repertório que consegue ser, ao mesmo tempo, desafiador e deliciosamente acessível, evidenciando o equilíbrio que orienta o quinteto californiano.

Quarta música do disco, Infinite Source sintetiza isso de forma bastante eficiente. Enquanto as guitarras de Stephen Carpenter trazem de volta o som angular e os riffs de obras como Around the Fur (1997) e White Pony (2000), perceba como a voz de Moreno se espalha com imensidão, ocupando todas as brechas da faixa. A própria My Mind Is A Mountain, escolhida para inaugurar o álbum, partilha da mesma proposta.

Nada que prejudique a entrega de canções marcadas pela brutalidade dos elementos. É o caso de Milk Of The Madonna, música que não apenas destaca a crueza das guitarras, como chama a atenção pela poesia apocalíptica. “Espírito santo / Eu estou em chamas”, canta Moreno. E ela está longe de ser a única. Surgem ainda faixas como CXZ e a densa Cut Hands que evidenciam a potência do grupo californiano em estúdio.

Ainda que Private Music reforce a vitalidade do Deftones, falta ao disco o ímpeto de renovação que poderia fazer dele um novo marco na discografia do grupo. Boa parte das composições soam como um gesto de reverência a diferentes momentos da carreira, em especial aos discos produzidos por Raskulinecz, o que limita possíveis avanços estéticos. No entanto, é justamente nessa recapitulação de ideias que o quinteto reafirma sua solidez, entregando um registro consistente e seguro, mesmo que sem grandes surpresas.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.