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Crítica

Earl Sweatshirt

: "Live Laugh Love"

Ano: 2025

Selo: Tan Cressida / Warner

Gênero: Rap

Para quem gosta de: MIKE e Billy Woods

Ouça: Tourmaline, Infatuation e Exhaust

8.3
8.3

Earl Sweatshirt: “Live Laugh Love”

Ano: 2025

Selo: Tan Cressida / Warner

Gênero: Rap

Para quem gosta de: MIKE e Billy Woods

Ouça: Tourmaline, Infatuation e Exhaust

/ Por: Cleber Facchi 04/09/2025

Mesmo partindo de uma abordagem bastante particular, Earl Sweatshirt continua surpreendendo a cada novo trabalho de estúdio. Quinto e mais recente registro de inéditas do rapper estadunidense, Live Laugh Love (2025, Tan Cressida / Warner) traz de volta o que há de mais característico na obra do artista, como a produção abstrata e versos que fluem em fluxos de consciência, porém amplia o campo temático do disco.

Hoje pai de dois filhos, o rapper transporta para dentro de estúdio parte dessas vivências. São composições que equilibram temas como felicidade, casamento e paternidade com o medo de falhar. Instantes em que o artista usa o humor como válvula de escape e ainda propõe reflexões sobre a própria infância e relações cotidianas, conceito que embala a experiência do ouvinte até a música de encerramento do disco, Exhaust.

A principal diferença em relação aos trabalhos que o antecedem, como Sick! (2022) e o colaborativo Voir Dire (2023),assinado em parceria com The Alchemist, está na forma como Live Laugh Love se articula de forma menos ambiciosa. Claro que isso não impede Sweatshirt de mergulhar em sentimentos complexos e momentos de maior vulnerabilidade emocional, como na busca por equilíbrio espiritual nos versos de Live.

Mesmo a base instrumental do disco, completa pela produção adicional de nomes como Theravada e Navy Blue, destaca o lado mais acessível do rapper. Exemplo disso é o que acontece em Tourmaline. Enquanto os versos tratam sobre o amparo afetivo da família em momentos de dificuldade, ambientações enevoadas e batidas cíclicas se entrelaçam de maneira sutil, como um complemento à cadência das vozes de Sweatshirt.

É como se o rapper substituísse a estrutura jazzística de Some Rap Songs (2018) e Feet of Clay (2019) para investir em um repertório marcado pela completa maciez dos elementos. Nada que interfira na entrega de canções marcadas pelo experimentalismo habitual de Sweatshirt. A própria sequência formada por Forge e Infatuation, logo nos primeiros minutos de Live Laugh Love, sintetiza isso de maneira bastante eficiente.

Partindo desse direcionamento, Sweatshirt garante ao público um trabalho ainda íntimo dos álbuns que o antecedem, mas que aponta para outras direções criativas e possibilidades temáticas. Não se trata de algo transgressor quando pensamos no repertório de registros como Doris (2013) e I Don’t Like Shit, I Don’t Go Outside (2015), mas profundamente maduro, consistente e alinhado ao repertório construído pelo rapper.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.