Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Pelados e Sophie Chablau
Ouça: Coisas Estranhas e Luminária de Lava
Ano: 2024
Selo: Independente
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Pelados e Sophie Chablau
Ouça: Coisas Estranhas e Luminária de Lava
Para os indivíduos cronicamente online, o som do grupo catarinense Exclusive Os Cabides está longe de parecer uma novidade. Nos últimos meses, bastava abrir o TikTok para que a canção Lagartixa Tropical fosse entregue ao público como música de fundo em algum vídeo viral dentro da plataforma. Entretanto, longe de parecer uma banda de um sucesso só, o quinteto formado pelos músicos João Paulo Pretto, Jean Lucas, Antônio dos Anjos, Eduardo Possa e Carolina Werutsky reserva ao ouvinte algumas boas surpresas.
Exemplo disso pode ser percebido no repertório montado para o segundo e mais recente álbum de estúdio do quinteto de Florianópolis, Coisas Estranhas (2024, Independente). Sequência ao material entregue pela banda em Roubaram Tudo (2020), o registro de dez composições preserva o bom humor e fino toque de descompromisso do trabalho que o antecede, porém, substitui lentamente a atmosfera caseira de outrora por uma seleção de faixas musicalmente encorpadas e versos que destacam o amadurecimento do grupo.
Terceira música do disco, Luminária de Lava talvez seja o exemplo mais representativo disso. Enquanto as guitarras desaceleram momentaneamente, destacando camadas sutis de distorção, vozes dobradas logo se aprofundam em relações inexatas, porém, preservando o lirismo irônico e bem-humorado do quinteto. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais interessante na canção seguinte, Rua da Lua Cheia, faixa que avança aos poucos e se encerra de maneira apoteótica, destacando a força da banda.
Claro que essa evidente transformação do quinteto em nenhum momento inviabiliza a entrega de canções marcadas pela mesma atmosfera descontraída de Roubaram Tudo. Faixa-título do disco e música escolhida para inaugurar o trabalho, Coisas Estranhas funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de dois minutos em que o grupo se aventura na produção de um material que soa tanto como a abertura de uma animação de Hanna-Barbera nos anos 1960, como uma composição perdida dos Strokes.
É como se para cada composição marcada pelo aspecto contemplativo dos temas, como a enevoada Sonho Estranho, houvesse sempre uma contraparte energizante, vide a posterior Pilha Eletrônica, faixa que evoca Talking Heads e outros nomes de peso da década de 1980. Um equilibrado ziguezaguear de ideias, ritmos, narrativas e referências, direcionamento que acaba se refletindo até os minutos finais do trabalho, em Siris Paradinhos Em Um Cantinho Bem De Boa, curiosa criação que alterna entre a melancolia e o bom humor.
Essa capacidade em equilibrar diferentes emoções e sonoridades garante a entrega de um repertório que, mesmo sem grandes transformações ou rupturas estéticas, captura a atenção logo na primeira audição. De fato, basta uma rápida passagem pelo trabalho para que canções como Luminária de Lava, AAAAAAAAA e a já conhecida Lagartixa Tropical continuem a ecoar na cabeça do ouvinte mesmo após o encerramento do álbum, proposta que evidencia o domínio criativo e riqueza de ideias que move o quinteto catarinense.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.